Capítulo 01: O Trabalho

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Quando levantei hoje cedo para trabalhar, tive um sentimento diferente. Um friozinho no fundo da barriga. Uma sensação de que algo importante estava prestes a acontecer.

Segui normalmente com minha rotina matinal, e fui fazer o que eu sabia fazer tão bem. Ignorei, porque é isso que os ignorantes fazem.

Em nenhum momento do dia a sensação me abandonou. Não consegui me concentrar nos meus casos, e só por um milagre, consegui encerrar um deles. Mesmo quando Noah chegou e tentou me distrair, não adiantou.

Estava prestes a fechar o escritório, quando ouço a campainha da recepção tocar. Já havia me levantado da cadeira e guardado todas as coisas, por isso, bufei de raiva. Esse não é o melhor momento para mim. Estava esgotada psicologicamente e o que mais queria era minha cama.

Ouvi os passos de Noah pelo corredor, e logo sua cabeça apontou na porta da minha sala.

- Tem uma senhora querendo falar com você. - ele diz.

- Não quero atender ninguém. - resmunguei de má vontade. - Não pode ser você?

- Não. - disse e cruzou os braços. - É sobre AQUELE tipo de trabalho. - deu ênfase no 'aquele'.

Suspirei. Hoje não havia sido fácil. Quase que meu trabalho deu errado, e eu não queria iniciar outro tão cedo.

- Fala que não estou pegando casos.

- Nem pensar. Você não está podendo dispensar clientes.

Fiz um bico, e tentei fazer uma expressão triste.

Noah suspirou e virou as costas.

- Isso não vai funcionar comigo. - disse já saindo. - Vou manda-la entrar.

Sentei na minha cadeira, jogando o corpo de forma pesada. Meu melhor amigo é um saco. Porque cismei de torna-lo meu parceiro?

Uma senhora extremamente elegante entrou na minha sala. Estava bem vestida com um terninho rosa, provavelmente feito sob medida, óculos escuros de grife e cabelo presos em um coque apertado.

- Boa tarde. - disse me levantando e tentando ser educada. - Em que posso ajuda-la?

Ela aperta minha mão com firmeza e tira os óculos escuros.

- Boa tarde querida. - indique a cadeira para que se sentasse. - Uma amiga me indicou seus serviços.

Essas senhoras, são cheias de ''amigas''. Penso é que são um bando de fofoqueiras que saem por aí espalhando que uma jovem costuma dar alguns golpes por dinheiro.

- Sei. A senhora gostaria de algo para beber? Um café talvez?

- Não, obrigada. - diz mexendo nas mãos de forma nervosa. - Gostaria de ir direto ao assunto, por favor.

Voltei para a minha cadeira, e me sentei a sua frente. Sem enrolação é bom para mim, pelo menos não preciso ficar bancando a educada por muito tempo.

- Prossiga. - é só o que digo.

- Me chamo Suzenne Mitchell. - diz de forma pausada. - Sei os serviços que costuma prestar e quero contrata-la.

- E quais serviços quer contratar?

- Bom, sei que não aceita qualquer trabalho, e gostaria que considerasse bem a minha proposta. Não é nada muito difícil, eu só preciso que namore meu filho.

Evito revirar os olhos, e tento manter meu rosto impassível. Mas, namorar caras esquisitos é o que eu mais odeio fazer. Se aceitei um caso ou dois, é muito.

A Vigarista (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora