Quando levantei hoje cedo para trabalhar, tive um sentimento diferente. Um friozinho no fundo da barriga. Uma sensação de que algo importante estava prestes a acontecer.
Segui normalmente com minha rotina matinal, e fui fazer o que eu sabia fazer tão bem. Ignorei, porque é isso que os ignorantes fazem.
Em nenhum momento do dia a sensação me abandonou. Não consegui me concentrar nos meus casos, e só por um milagre, consegui encerrar um deles. Mesmo quando Noah chegou e tentou me distrair, não adiantou.
Estava prestes a fechar o escritório, quando ouço a campainha da recepção tocar. Já havia me levantado da cadeira e guardado todas as coisas, por isso, bufei de raiva. Esse não é o melhor momento para mim. Estava esgotada psicologicamente e o que mais queria era minha cama.
Ouvi os passos de Noah pelo corredor, e logo sua cabeça apontou na porta da minha sala.
- Tem uma senhora querendo falar com você. - ele diz.
- Não quero atender ninguém. - resmunguei de má vontade. - Não pode ser você?
- Não. - disse e cruzou os braços. - É sobre AQUELE tipo de trabalho. - deu ênfase no 'aquele'.
Suspirei. Hoje não havia sido fácil. Quase que meu trabalho deu errado, e eu não queria iniciar outro tão cedo.
- Fala que não estou pegando casos.
- Nem pensar. Você não está podendo dispensar clientes.
Fiz um bico, e tentei fazer uma expressão triste.
Noah suspirou e virou as costas.
- Isso não vai funcionar comigo. - disse já saindo. - Vou manda-la entrar.
Sentei na minha cadeira, jogando o corpo de forma pesada. Meu melhor amigo é um saco. Porque cismei de torna-lo meu parceiro?
Uma senhora extremamente elegante entrou na minha sala. Estava bem vestida com um terninho rosa, provavelmente feito sob medida, óculos escuros de grife e cabelo presos em um coque apertado.
- Boa tarde. - disse me levantando e tentando ser educada. - Em que posso ajuda-la?
Ela aperta minha mão com firmeza e tira os óculos escuros.
- Boa tarde querida. - indique a cadeira para que se sentasse. - Uma amiga me indicou seus serviços.
Essas senhoras, são cheias de ''amigas''. Penso é que são um bando de fofoqueiras que saem por aí espalhando que uma jovem costuma dar alguns golpes por dinheiro.
- Sei. A senhora gostaria de algo para beber? Um café talvez?
- Não, obrigada. - diz mexendo nas mãos de forma nervosa. - Gostaria de ir direto ao assunto, por favor.
Voltei para a minha cadeira, e me sentei a sua frente. Sem enrolação é bom para mim, pelo menos não preciso ficar bancando a educada por muito tempo.
- Prossiga. - é só o que digo.
- Me chamo Suzenne Mitchell. - diz de forma pausada. - Sei os serviços que costuma prestar e quero contrata-la.
- E quais serviços quer contratar?
- Bom, sei que não aceita qualquer trabalho, e gostaria que considerasse bem a minha proposta. Não é nada muito difícil, eu só preciso que namore meu filho.
Evito revirar os olhos, e tento manter meu rosto impassível. Mas, namorar caras esquisitos é o que eu mais odeio fazer. Se aceitei um caso ou dois, é muito.
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A Vigarista (Completo)
Roman d'amourLiz Mendes é uma mulher decidida. Para ela nunca houve um trabalho que não pudesse ser feito, nenhum desafio que ela não pudesse concluir. Seu trabalho não é convencional e para que fosse bem sucedida no que fazia ela precisava usar as armas que tin...