Capítulo 05: Amor? Não, obrigado.

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Esse é um capítulo para conhecer um pouquinho do Andrew, mas não será algo recorrente. A história é contada apenas no pov da Liz.

Andrew.  

Passei uma parte da minha infância tendo toda a atenção dos meus pais só para mim, e me sentia sortudo por isso. Mesmo que desde cedo tenha sido ensinado de que o amor é só para quem merece (coisa dos meus pais).

Na minha cabeça de criança, o mundo era bom demais, e todos mereciam amar e ser amados, assim como eu. Depois de adulto, vi que as coisas não são bem assim.

Eu não consigo entender porque praticamente todas as pessoas necessitavam de amor para ser feliz. Gosto de pensar que devemos ser felizes com nós mesmos, para depois compartilhar nossa felicidade com alguém e não depender de outra pessoa para amar, sorrir e viver.

Tirei sempre como exemplo meus amigos. Diziam estar apaixonados e morrendo de amores, vivendo a sombra daquele amor. Depois de alguns meses vinham cabisbaixos, dizendo que não passou de ilusão. Eles se tornavam tão dependentes daquelas mulheres, que depositavam toda sua felicidade ali. Só se sentiam felizes se estivessem com elas.

Eu nunca fui assim. Nunca dependi de alguma mulher para ser feliz, nunca amei nenhuma. Exceto minha mãe, é claro. Mas esse amor somos programados para sentir. Estou falando de olhar uma mulher e pensar que valeria a pena passar a vida com ela e acordar todos os dias ao seu lado.

Nunca conheci uma mulher que fizesse com que eu largasse minhas noites com os amigos bebendo uma cerveja e jogando sinuca. Por que para estar em um relacionamento devemos abrir mão de tantas coisas boas que gostávamos antes? Porque não podemos apenas dividir os momentos? Se eu gosto de viajar com os amigos, então é só leva-la também e pronto, eu faço algo que gosto e não deixo de passar um tempo com ela. Se eu gosto dos meus jogos de sinuca, é só levar ela para jogar e conhecer as namoradas dos meus amigos.

Mas a grande questão é essa. Quando eu começava a me envolver um pouco mais, curtir aquela companhia, o X da questão aparecia. Ela queria um relacionamento, mas não queria se adaptar a ele. A pressão para largar as noites com os amigos começava, como se fosse pecado gostar de fazer algo que não envolvesse ela. Queria ser o centro da minha vida, e isso me tornava infeliz. Antes mesmo de começar, eu já terminava. Por isso, nunca fui capaz de ter um relacionamento sério. As tentativas foram frustrantes demais.

Minha mãe não entendia isso, para ela eu estava sendo exigente demais. Era só passar um tempo, me apaixonar e pronto. Mas mesmo que eu me apaixone por alguém, não vou ficar com ela se for para ser o tipo de relacionamento igual ao da minha mãe com meu pai. É mais fácil dizer para ela que eu não quero o amor, mas isso só me traz sermão. Tipo agora.

- Andrew, eu quero ter netos. Já estou ficando velha, e você sabe que é o único que pode fazer isso por mim. – suspirou falsamente.

- E porque só eu posso te dar netos? – perguntei impaciente. – Cadê ela, mãe?

- Já conversamos sobre isso, querido. – desviou o olhar. – Não mude de assunto.

- A única a mudar de assunto aqui é você.

Passo as mãos pelo cabelo, o desarrumando. É exaustiva essa falta de respostas.

- Todas as minhas amigas estão com os filhos casados e tendo netos. Menos eu.

- Não começa. Estou ocupado demais para perder tempo com essa conversa.

- Você tem que ter tempo para sua mãe, Andrew. – ela bate o pé contrariada. Isso nem me intimida mais.

- E eu tenho, praticamente todo domingo. – volto minha atenção para o computador a minha frente, ignorando sua presença. – Por favor, mãe. Estou precisando trabalhar.

- Só peço que pense sobre o que te pedi. Pare de mexer no passado e vá arrumar sua vida. - Sai batendo o pé e a porta com força.

Tivemos uma discussão na última vez que nos vimos, e ela pediu para que eu parasse de pensar no que já passou. Mas é impossível para mim. Não consigo dormir a noite sem ter respostas.

Não nos vimos mais, desde que ela saiu bufando do meu escritório, mas uma semana depois, conheci uma mulher interessante.

Parecia o destino pregando uma peça.

Eu passei a ver a mulher em todo canto, cheguei a me perguntar se estava enlouquecendo. Balada, academia, restaurantes, na rua, no clube. E cada vez me interessava mais. Parece paixão a várias vistas, porque cada vez que a vejo, não consigo desgrudar os olhos dela.

Já analisei cada sorriso, cada olhar, cada expressão. Reparei cada curva, o contorno do corpo e até o tamanho da bunda (bem gostosa por sinal). E pensei que passaria logo, mas não passou. Minha curiosidade foi aguçada e quis saber um pouco mais sobre ela.

Tentei pesquisar, mas sabia apenas o nome. E isso porque ela me disse na academia hoje, quando nos falamos. Pensei que estivesse até fazendo um jogo, fingindo não se lembrar de mim, mas ela teria que ser uma ótima atriz, pois não achei um traço de mentira sequer em seu rosto.

Agora estou aqui, deitado olhando para o teto e pensando naquela mulher diaba. Parece que fez de propósito, só para que eu ficasse com ela na cabeça o tempo todo. Mas, segunda ela não me escapa. Vou ir para cima com tudo, porque eu preciso pegar essa mulher. Sei que quando dormir com ela, o encanto vai acabar.

Tem que acabar.

Porque eu não quero paixão ou amor, e me da um calafrio só de pensar que isso que estou sentindo por ela, é algo além de desejo.

Espero que seja só tesão, se não eu tô fodido.



A Vigarista (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora