"Onde você estava, Hoseok?" Minha mãe perguntava preocupada quando eu chegara exausto na noite.
Você já perguntou isso ontem, e antes, e antes; eu queria dizer.
"Eu estava com Jimin, mãe." Foi o que eu respondi, na verdade. A mesma resposta para as mesmas perguntas. Sem esperar por outro sermão ou aquele silêncio de quando me julga em pensamento, imaginando todas as coisas ruins que eu poderia ter feito o dia inteiro, apenas rumei para o quarto.
Joguei tudo que carregava no chão, sem o menor cuidado, antes de atirar-me contra os lençóis brancos. Encarava o gesso, também branco, do teto e repensava sobre toda aquela semana. Tudo parecia estranho, desde o colégio até o fato das pessoas me aceitarem como "amigo" antes mesmo de me conhecer. E pela primeira vez eu não sentia estranho, vigiado, julgado, não quando eu estava fora do Alcatraz que eram as estruturas do colégio.
Eles apenas queriam viver. E eu queria ser como eles.
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"Você vem, Hoseok?"
"Eu encontro vocês lá."
Estranhamente eu não tinha pressa de nada, provavelmente ainda estava sob o efeito de algum dos remédios, também não tinha vontade de enfiar-me no canto do banheiro, com as costas no azulejo frio e dopar-me de medicamento. Eu apenas queria andar lentamente até aquele lugar.
Assim que cheguei ao local, antes mesmo de entrar já podia ouvir as risadas exageradas. O que me fazia sorrir levemente. E quando me viram pareciam saudar-me comemorativos. Larguei a mochila num canto sujo e sentei-me próximo de Jimin, como de praxe.
Yoongi era sempre o que estava de pé, falando o que vinha na sua cabeça, era o que mais animava as pessoas ali. Só não estava a falar mais porque tinha um cigarro na boca.
Havia um menino sentado onde deveria estar o de cabelos coloridos, encolhido, quieto. Dava apenas um leve sorrir. Tinha a boca rosada e bem cheia, os cabelos castanhos, um rosto infantil e cicatrizes em seus braços. Aquilo intrigava-me de alguma forma, toda aquela combinação.
"É a última?" A voz de soou atrás de nós, questionando sobre as cervejas.
"Taehyung, você pode viver sem isso." Namjoon zombava.
"Vá se foder, Namjoon, por que você não vai trabalhar?" A voz rouca soava tão pesada quanto as palavras, e a expressão que tinha era extremamente natural ao cuspí-las.
Jimin olhou para Yoongi com os olhos estalados e se comunicavam sem dizer qualquer coisa, depois desviou para Namjoon, que estava nitidamente ofendido.
"Ninguém está falando dos seus problemas. Você quer machucar alguém aqui?"
"Ei, os dois, já deu!" Yoongi tentava interromper o conflito.
"Eu vou te mostrar como eu machuco." Taehyung sussurrou antes de virar-se e caminhar em direção à Namjoon. Seus olhos estavam sem vida, seu rosto não era mais delicado e a voz rouca se tornou intimidadora.
Ele agarrou Namjoon pela gola da camiseta e o empurrou até uma das paredes que restavam do galpão, suas costas batiam com força contra aquela, fazia doer em quem assistia. Acertou-lhe apenas uma vez com o punho fechado e atirou-o no chão, o chutando no estômago.
Eu estava verdadeiramente assustado com o que eu presenciava, era a primeira vez que via alguém perder a calma dessa forma. Minhas mãos procuraram a canhota de Jimin e a agarravam com força. Ele apenas me olhou e pediu para que eu ficasse calmo num tom quase inaudível.
Levantou-se com pressa, fazendo soltar nossas mãos e correu até Taehyung, tentando o afastar de Namjoon. Enquanto isso dizia algumas coisas de apelo emocional, quais eu não entendia. O mais velho apenas parou e, aparentemente irritado, deixava o local.
A velocidade do ocorrido fazia tudo parecer surreal ou incompreensível. E fazia-me questionar as coisas que eu não sabia sobre aquelas pessoas, aquele lugar, da mesma forma como no primeiro dia eu preferi esconder deles algo relevante na minha história. Eu simplesmente não sabia mais o que fazer e tentava manter o controle a partir do momento que aquela preocupação acelerava meus batimentos cardíacos e faziam inúteis as substâncias no meu sangue, pediam por mais.
Eu respirava pesado, me sentia com medo.
Jimin e Yoongi ajudaram Namjoon a sentar-se outra vez, o outro menino encarava o chão, debruçado sobre os próprios joelhos, quais abraçavam, e eu ficava sem saber o que fazer nem saber o que aconteceria.
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Desfecho.
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