TAEHYUNG: Aberração

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Eu era lastimável. Desgraçado, viciado, orgulhoso. Cercado e dominado por inúmeros problemas e autointitulado pelo próprio alter ego como autônomo o suficiente para lidar com tudo aquilo. Um grande mentiroso também.

Disseram-me uma vez que todas essas palavras pejorativas que eu usava contra mim mesmo era, talvez não a completa verdade, mas uma maneira de dizer para quem ouvisse: "Não aproxima-te, isso é perigoso demais".

E quem sabe tenham razão. É sufocante querer aproximar as pessoas de si mascarando tudo o que há de mais horrível por dentro e não conseguir manter-se neste disfarce. É difícil, como é, e fácil de fazer tudo desmoronar. Eu estou, então, inconscientemente tentando avisar sobre o comportamento compulsivo involuntário.

O silêncio faz-me pensar demais sobre essas coisas. Sobre mim.

Eles colocavam a culpa dos meus problemas no ópio alheio. Você nunca está sóbrio, Taehyung, você precisa de ajuda. — Ajuda. Eu praguejava toda vez que eu repetia em voz alta palavras semelhantes que a mim direcionadas. Eu nunca estava sóbrio porque, de fato, nunca quis.

O álcool corrói meu interior e faz-me esquecer dos problemas maiores e das conspirações. Quando lúcido tudo o que eu lembro-me é de ser eu mesmo e no instante seguinte já não mais ser. Eu passava a ser algo que não conhecia.

Ninguém mais vê. Quem não me conhece que me compre como personificação da violência; Quem me conhece que questione a faceta da verdade. Não conseguem ver o monstro enorme que me possui e habita nos momentos insensatez.

Por que fui amaldiçoado dessa forma? Eu era apenas uma criança colocada no mundo e alguém decidiu fazer de mim a cobaia para mais uma aberração. Sem motivo, sem função, apenas divulgando o conflito alheio.

As palavras que saem da minha boca não foram ditas por mim. Eu não sei quem foi. E bebo uma meia dúzia de garrafas de cerveja barata para tentar superar tudo aquilo. Superar os meus erros, os olhares piedosos, o rancor que me guardam, o que eu enfrentaria a frente.



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