"Eu... Preciso falar com você." Agarrei o pulso do mais velho, fazendo para sua caminhada.
Não disse nada, apenas me encarou com uma expressão preocupada. Ninguém nunca espera ouvir algo nesse tom quando se está vivendo no paraíso.
"Bem..." Pigarreei, assim que ele virava-se completamente de frente para mim. "Eu nã... Não posso." Era difícil, me doía a garganta inteira; arranhava.
"O que houve Hoseok, o que foi?" Os olhos castanhos me encaravam, apunhalavam meu peito, abatiam meu coração. Só fazia a dor tornar-se maior.
"Não posso mais continuar com isso... Você sabe... Eu disse desde o começo que não podia, mas acho que deixei as coisas saírem do meu controle."
"Você... Hoseok...!" Felizmente eu não era o único a quem faltavam palavras.
"Não quero que isso acabe de uma forma ruim, você é meu melhor amigo! Eu não quero perder todos esses anos por causa de uma coisa estúpida."
"... Está... Bem... Está bem. Eu estou indo, se é isso que você quer." No mesmo instante ele deu meia volta e passou a caminhar.
Eu odiava a maneira como ele dramatizava as coisas, mas eu sabia que não era culpa dele sofrer mais do que o normal.
Passei a caminhar para outra direção, no caminho casa ao invés de ir encontrar os demais no terreno baldio. Era uma tarde horrível, fazia frio sem motivo e sozinho tudo parecia mais cinza. Eu não tinha a voz animada de Jimin para contar-me das coisas boas sob as nuvens brancas que tomavam o céu inteiro. Sempre estava nublado, mas não era como se anunciasse chuva.
Ele provavelmente estava se divertido agora, ou pelo menos os outros iriam tratar de tentar diverti-lo. Isso que importava. Diferente do fato de eu caminhar fadigado com os olhos repletos d'água.
Eu era mais uma vez o problema de tudo e ainda era quem saía a chorar. Provavelmente ninguém até hoje se deu conta do quanto meus atos machucavam a mim mesmo, talvez até mais do que aos outros. Deveria ser melhor assim, fingindo ser forte e determinado, intocável e coisas do tipo. Fingindo ser alguém.
Quando cheguei a casa, bebi cautela o suficiente para subir as escadas sem que minha mãe se desse conta da vermelhidão do meu rosto. Fechava as portas por onde passava, primeiro a do quarto, depois a do banheiro. Estranhava o rosto que eu via no espelho. Os olhos que nunca secavam, a boca trêmula e inquieta, a pele vultuosa, a tristeza.
Eu não tinha motivos para deixá-lo, mas meu coração pediu e eu, de tolo, o fiz. Eu esperava que isso me deixasse aliviado, menos cheio da culpa, mas no fim eu só fiquei mais preocupado.
Não culpo o álcool que eu bebi naquela noite, não culpo os meninos, nem Jimin. Culpo a carne fraca e a alma carente.
Abri as gavetas sob a pia e fui tateando o seu interior até que encontrasse os frascos abandonados ao fundo.
Começava tudo de novo.
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"... Por que quando você fala faz tudo parecer bonito?" Levantava outra questão, completamente paralela à primeira.
"Eu faço?" Minha expressão deveria ser alguém desentendido ao encarar o maior.
"Uhum..." Assentiu com a cabeça. "... Parece que você recita um livro clássico, em língua culta e bonitas metáforas quando fala..."
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Desfecho.
Fanfiction[longfic | bangtan | drama | hoseok!pov | hopexall] "[...] Joguei tudo que carregava no chão, sem o menor cuidado, antes de atirar-me contra os lençóis brancos. Encarava o gesso, também branco, do teto e repensava sobre toda aquela semana. Tudo pare...