SETE: Estrelas

284 52 5
                                    


Era extremamente cedo quando eu saía de casa, minha mãe questionava, mas eu continuava apenas dizendo que passava a casa de um amigo para que fossemos juntos à escola. O que não deixa de haver uma perninha de verdade. Eu iria à casa de Taehyung, mas não iria para a escola nas próximas semanas.

Era um lugar desconfortável, mas eu tinha de fazer, subia as escadas até o pequeno apartamento. Toquei a campainha e o mais velho atendeu-me.

Eu agradeci mais uma vez antes de adentrar o local, encarando as paredes e as coisas espalhadas pelo chão.

Ele parecia incomodado. Acho que é natural que não se sintam a vontade quando alguém repara demais nas coisas. E dizia: "Não repara nisso", "não repara naquilo" e me dava motivos. Eu apenas o mandei calar.

Era extremamente pequeno, mal havia mobílias. Um quarto que era uma sala, um banheiro, uma cozinha e bagunça. As paredes não eram pintadas e o carpete do chão era gasto, mas incrivelmente isso parecia bonito a meu ver.

A cama era um colchão encostado no encontro de duas paredes, o criado era uma tábua de madeira repousada sobre blocos de concreto. E o que mais me chamava atenção eram as pequenas lâmpadas penduradas de ponta a ponta acima do que ele chamava de cama. Havia uma beleza extrema na simplicidade. Refletia o proprietário.

"Fica a vontade, hm?" Disse enquanto juntava suas coisas para o colégio. "Eu volto durante o primeiro intervalo."

"Não vou morrer de ficar aqui sozinho." Deixei a mochila no chão e sentei-me sobre o colchão, encarando-o ao zombar.

"Mesmo? Achei que ia precisar de uma babá pra você." Retribuiu a zombaria.

"Idiota!" Disse rindo e logo em seguida atirei o travesseiro em direção ao maior, não obtendo sucesso em acertar-lhe como pretendia.

Assim que o maior deixou o aposento tudo tornou-se extremamente chato, silencioso e monótono.

Fiquei quase duas horas inventando o que fazer. Eu caminhava pelo lugar, mexia em algumas coisas, colocava pra tocar os seus discos empoeirados, caçava um pouco de comida industrializada até que o maior retornasse.

"Finalmente!" Eu disse agradecido ao ouvir o som da porta ao abrir.

"Parece que você realmente sobreviveu." Brincou, desfazendo-se do peso das costas e das roupas a mais que vestia.

"Mesmo? Realmente achei que iria morrer sem você, babaca!" Encarei-o com os olhos cheios de deboche.

Taehyung passou a fazer qualquer coisa que lhe era necessário na rotina, enquanto eu voltava a a vagar pelo apartamento quase minúsculo..

"Quem é o Órfão?" Lancei aleatoriamente a pergunta em meio ao silêncio.

"O nome dele é Jeongguk." Ele respondeu sem quaisquer dificuldades e total naturalidade.

"Qual é a sua relação com ele?" Eu insistia em aprofundar-me, aproveitando do fato dele não parecer ligar para as perguntas.

"Ele costumava ser o meu calmante e eu a sua adrenalina, mas quando algo sobra, não existe harmonia. Eu era adrenalina demais para ele acalmar."

"Como ácidos e bases?"

"Exatamente."

"Isso é, de certa forma, bonito." Eu dizia não diretamente para o rapaz, apenas vasculhava a pequena geladeira em busca de alguma garrafa cheia.

Desfecho.Onde histórias criam vida. Descubra agora