ONZE: Ninfomaníaco

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Era o segundo intervalo. Decidi finalmente sair daquele cômodo fechado e caminhar um pouco.

No corredor, vestindo o capuz da blusa e uma das mãos no bolso, agarrou-me pelo braço e arrastou-me para a direção contrária, até que estivéssemos do lado de fora do prédio.

"Bom dia, Hoseok." Ele provocava-me com os olhos, como sempre.

"Você sabe que não precisa sequestrar as pessoas para dizer bom dia?"

"Tecnicamente não é sequestro se estiver num lugar que você possa fugir livremente." Riu breve, fazendo-me por contagio rir também.

"Certo, certo. E o que você quer?"

"Eu quero sair daqui, é chato demais."

"Todo mundo desconfia de nós dois, Jeon, se sairmos assim, e juntos, só vai piorar."

"Qual é? Nós somos amigos!"

"Não é isso que dizem por aí. Sabe que eu não quero problemas com o Taehyung."

O sorriso fino que ele tinha nos lábios ao tentar convencer-me desabrochava aos poucos, assim que ele ouviu o nome do mais velho.

"Eu espero ver-te depois da aula." Ele bufou.

"Você vai."

Eu mal terminava minha frase quando ele deixou o lugar.


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Estávamos ambos sentados no chão encardido da sujeira do mundo, Jeongguk, com cautela, retirava um de seus cigarros do maço e acendeu-o em seguida. Deu o primeiro trago por instinto e em seguida ofereceu-me.

"Vá, é só puxar um pouco e segurar a fumaça."

Eu conter-me-ia se de fato quisesse, mas por curiosidade eu aceitei. A sensação de ter aquilo na boca era estranha, tinha gosto apenas de fumaça, nem nocivo parecia quando estava preso dentro da boca.

"E aí?" Ele questionava a experiência.

"Estranho."

"No começo eu não gostava também." Ele fazia algum tipo de consolação.

"E por que você insistiu?" Questionei parcialmente desentendido.

"Não sei, acho que a sensação de leveza é boa."

"Quer sentir outro tipo de leveza? Esse é mais saudável." Eu provocava.

"Duvido que algo me agrade tanto."

Dei um segundo trago no cigarro e livrei-me das cinzas acumuladas em sua extremidade. Soltei a fumaça gradativamente, paralelamente com meu rosto que aproximava-se do dele. Ele apenas cerrou os olhos e deixou-me tocá-lo nos lábios.

Deu início a um beijo lento. Enquanto o cigarro queimava por si próprio. O gosto da sua boca no momento era um mesclado de menta e nicotina, que por incrível que pareça, agradava-me por demais. Naquela necessidade pela busca da leveza, apenas o beijar dos seus lábios já me deixava longe o bastante da realidade.

Era de tamanha dificuldade separar-me dele, mas aos poucos eu o fiz, até que pudesse afastar meu rosto e encará-lo.

Ele sorria com seus dentes tortos, mas sorria de verdade, como a criança que ele deixara de ser há tempos.

Desfecho.Onde histórias criam vida. Descubra agora