Five

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Naquela noite Emma não conseguiu dormir, sua mente viajou para um mar de pensamentos obscuros onde a unica gota de consciência do que acontecia em sua vida se afogara. Se xingou mentalmente, pensou estar vendo coisas, talvez não fosse um cigarro, talvez não fosse o filho do pastor que estava a traga-lo, e se fosse, porque ela estava tão abatida? Não era problema dela, era? Talvez fosse, pois se não fosse coisa da sua cabeça, o brilho que ela vira nos olhos do garoto no primeiro dia em que o conheceu, podia ser o mais fatal dos venenos para garota. Estaria tudo bem se ele fosse apenas o filho do pastor, sem graça, com roupas sociais estranhas. Mas seria perigoso se ele não fosse apenas isso. Naquela noite Emma rezou para que Nash Grier fosse um anjo de luz.

Já era quarta feira, e Emma não tinha conversado com ninguém sobre isso, nem sobre nada. Ela apenas não conversou com ninguém, além de alguns ois ali e aqui no colégio. E ela se sentia vazia, como se uma conversa interessante com os assuntos certos pudesse preenche-la. Porém não era com qualquer pessoa que o assunto certo fluiria entre alguns beijos e algumas garrafas de vodka. Era com ele. E ela tinha jurado em nome de tudo que era sagrado que não falaria e não pensaria mais nele. Mas a ultima parte não andava funcionando muito bem.

Emma não é tipo de garota que faz cena de apaixonadinha, ela não era doce, e longe de fofa, pelo menos na sua verdadeira personalidade. Ela era intensa e explosiva, viciada em olhares sugestivos e beijos calorosos. Ela não costumava pensar em alguém por muito tempo, não era de se apegar, porque além de tudo ela tinha que defender sua reputação de santa. Então uma vez ou outra selecionava minuciosamente as vitimas que arrastaria até a sala do treinador, e arrancaria suas camisetas. E calças.

E tudo parecia funcionar perfeitamente bem para ela, até que ele apareceu. Na verdade, ele sempre esteve ali, mas nunca fora percebido aos olhos da garota. Só pelos ouvidos, que uma vez ou outra ouvia gritos vindo da casa ao lado, sempre relacionados ao furacão juvenil e cheio de hormônios que era seu vizinho. Taylor Caniff. Emma ouvia sobre ele, o que sua mãe ouvia das vizinhas fofoqueiras. Menino problema, envolvido com rachas, drogas e uma vez quase se envolveu com a prisão também. O interesse pelo garoto brotou em Emma, no mesmo instante em que ela observou o garoto sair pela porta dos fundos da casa ao lado, com óculos escuros em plena noite, e uma bandana sem sentido na cabeça, arrancando seu carro com velocidade, deixando para trás um senhorzinho furioso berrando e consequentemente acordando toda rua.

A garota se divertia em assistir essas cenas em algumas madrugadas, e achava atraente o modo em como ele não se importava, o modo como ele lançava o dedo do meio para os próprios pais, era o tipo de liberdade forçada que ela queria ter, queria liberdade gritante, liberdade rebelde, mas parecia que a liberdade de uma filha perfeita era bem mais fácil de se conseguir.

Mas Emma não era a unica interessada ali. Em algumas madrugadas frias, o garoto costumava olhar para a janela da casa vizinha e assistir uma garota ruiva sentada perto da janela, lendo o que ele julgava ser a bíblia acompanhada apenas por uma xícara de café, que ela levava aos lábios entre pequenos intervalos de tempo. E ele achava aquilo fascinante, a tremenda pureza que ele enxergava ali o trazia o desejo de desvirtua-la totalmente.Ele ficaria decepcionado quando descobrisse que aquilo não era uma bíblia, mas sim um livro qualquer que seus pais não gostariam de ver a garota ler, e que não era café que molhava os lábios da garota, mas sim um whisky barato, mas que pareceria aquece-la bem mais do que um simples café naquela noite fria.

Ele gostava de vê-la chegar da igreja, acompanhada de seus pais, e andar de cabeça baixa até a porta, como se fosse uma criança de oito anos. E a vontade de mostrar a ela o seu mundo crescia cada vez mais, queria desvirtua-la, queria ser o pecado mais tentador pra ela. Mas apesar de todo esse desejo insano vindo dele, e a curiosidade incomoda vindo dela, o contato ente os dois demorou a acontecer,e quando aconteceu, foi no lugar mais improvável possível, ou talvez nem tanto, no colégio. A garota estava procurando por alguma coisa qualquer dentro do armário, quando alguém resolveu a incomodar.

LúciferOnde histórias criam vida. Descubra agora