Eight

370 36 51
                                    

Pouco antes de deixar a casa dos Gale, Nash disse a Emma que eles ainda teriam aulas, e que a primeira aula seria naquela noite. Emma ficou confusa, mas se deixou sorrir quando o garoto prometeu que eles estariam bêbados quando acordassem.

No resto da tarde a garota pensou sobre tudo, mas deu relevância a um pensamento em questão: Ela deveria ter medo de Nash Grier? Seria ele só mais um covarde como Taylor Caniff foi? Ele devia confiar em almas perdidas?

Tentou se afastar de seus pensamentos colocando os fones e indo aproveitar a ausência dos pais. Foi até sua porta secreta no guarda roupas, tirou de lá algumas peças que deveriam ser lavadas, e tirou também algumas garrafas vazias de bebida que jogou por ali mesmo. Foi até o porão procurando pelo seu estoque pessoal, e novamente levou algumas garrafas para o quarto, porém dessa vez cheias. 

Parecia procurar qualquer tipo de tarefa para fazer, qualquer coisa para ocupar seu tempo e sua cabeça. Mas era inevitável, depois de um banho e  três xícaras de café ela se deu por vencida. O filho do pastor de recusava a sair de seus pensamentos. Então ela buscou na casa a unica coisa ligada a ele, o seu livro.

'' Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei profanado fora do monte de Deus, e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras."

Emma entortou a boca ao ler esse trecho, e mais uma vez caiu em uma reflexão profunda. Era estranha ao se comparar com o anjo caído? Talvez fosse. Mas veja bem, ela sempre teve de tudo, assim como o anjo, mas somente até o dia em que achou dentro de si o desejo pelo o errado, que também pode ser traduzido como iniquidade. O seu interior se encheu de violência, e se tornou violento após tomar umas surras de realidade.Ela pecou, e amava a sensação, se sentia satisfeita em relação a isso, era a garota pecado, não era? Porém, o que ela achava incomodo era o porque ela devia ser lançada fora da graça apenas por isso. Ela tinha culpa de ser assim? Por que Deus não estalava seus dedos santos e facilitava a vida da garota?

(...)

Emma se sentia ansiosa pro culto daquela noite, nunca tinha se arrumado tão rápido para ir a igreja, e isso tinha sido percebido até pelo seu pai, o qual questionou o porque a garota querer ir a igreja naquela noite. Emma disso qualquer coisa relacionada a se sentir bem na casa do Senhor, e recebeu um olhar desconfiado vindo do mais velho.

Enquanto se arrumava, se sentiu tentada ao olhar para o seu batom vermelho no canto da penteadeira. Aquele batom já fora motivo de muitos pecados. Sentiu vontade de preencher os lábios com aquela cor, mas não o fez, além de ter de retirar assim que seus pais vissem, ela sabia que aquele batom não combinava com a igreja. Combinava com os lábios de Nash Grier. A garota sentiu um arrepio na espinha ao imaginar a boca do garoto borrada por seu batom.

Quando chegaram a igreja, os músculos da garota ficaram tensos, ela não sabia como reagir ao ver novamente Nash dentro dessa atmosfera fingida. Deu uma pequena risada quando avistou o mesmo na porta da igreja, vestido com suas roupas sociais e sua gravata, ao lado do pai, recebendo todas as pessoas com um aperto de mão e um sorriso simpático. Quando seus olhares se encontraram, ela soube que ele achava tanta graça quanto ela.

Durante o culto, uma senhorinha se sentou ao lado de Emma, e parecia achar cada frase do pastor muito interessante. Emma também tentou se concentrar no que era dito, mas parecia que o cheiro da velinha tirava sua atenção. Fez uma nota mental sobre pesquisar porque velhos tem o cheiro tão estranho e voltou sua atenção até a frente da igreja. Nash estava sentado a alguns bancos a frente, e ela só tinha visão de seu cabelo, que aliás estava comprido, e ela gostava. Queria saber qual a sensação de acariciar e puxar aqueles cabelos. Emma foi tirada de seus pensamentos pelo ser humano que estava sentado ao seu lado, a velinha se mexia de um lado lado pro outro como se estivesse sentada em cima de um prego. Foi quando Emma percebeu, e quis se bater por tal ato. Quando o reverendo Chad gritou um '' aleluia'' com a voz firme, a velinha cruzou as pernas e se contorceu discretamente. Ela estava sentada ao lado de uma velinha que tinha desejos sexuais pelo pastor. Então começou a rir, pensou que estava sendo discreta, mas quando levantou a cabeça viu que estava sendo o centro das atenções, até da atenção de Nash que tentava segurar a risada. Então ela limpou a garganta e abaixou a cabeça, sentindo suas bochechas corarem, e permaneceu assim até o final do culto.

LúciferOnde histórias criam vida. Descubra agora