Nine

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- Amém.

Foi o único som que soou na mesa antes que eles voltassem a comer. Já era quinta-feira e nos dias anteriores as coisas tinham sido meio tensas na casa de Emma. Seu pai e sua mãe estavam brigando por um motivo que ela desconhecia, mas esperava que não tivesse nada a haver com ela. Na ultima vez que seus pais brigaram e Emma estava no meio do motivo, foi enquanto ela ainda estava no hospital depois do acidente com Taylor,e seu pai queria partir pra cima dela e '' arrancar seu demônio a tapa'' como ele mesmo disse, mas sua mãe não permitiu e até levou um tapa por isso.

A mãe de Emma, a qual chamava Alice, não era uma pessoa ruim. Não era a melhor mãe do mundo, mas Emma entendia seu lado. Alice crescera na fazenda, filha de um fazendeiro muito religioso, o qual arranjou uma bom moço para que Alice pudesse casar, pois ele não permitiria que sua filha se casasse com alguém que não fosse da igreja, e foi assim que sua mãe conheceu seu pai.  Sua mãe tinha apenas dezesseis anos quando se casou com Richard, seu pai. O problema era que ela se sentia desesperadamente triste em entregar um coração que já tinha dono para outro homem. Aconteceu sem que ela percebesse ou planejasse, apenas se deu conta de uma hora pra outra, que estava perdidamente apaixonada pelo caseiro da fazenda. Mas não pense que o amor dela pelo caseiro impediu que o casamento arranjado acontecesse, pois aconteceu. E ela, uma menina assustada que não entendia direito o que acontecia, foi estuprada por seu ''marido'' logo na lua de meu. E isso aconteceu por várias vezes seguidas, e foi de um desses abusos que Emma nasceu.

Ela nunca foi desejada ou planejada, por isso nunca também foi amada da maneira que ela queria, isso se já tivesse sido amada por seus pais, pois essa era uma certeza que ela não tinha. Seu pai ela não conhecia nada, apenas sabia que era um homem rude e estupido, que era um carrasco dentro de casa, mas um perfeito anjo ao olhar dos fiéis da igreja.

E foi dai que Emma tirou a ideia de também ser uma pessoa fingida. Ora, tal pai, tal filha, certo?

A garota foi tirada dos seus pensamentos ao sentir seu celular vibrar, então disfarçadamente revirou um pouco da comida no prato e pediu licença aos pais, levou o prato até a cozinha e subiu para o quarto. Havia uma nova mensagem de um numero desconhecido.

'' O pecado da noite é: avareza. Esteja pronta para pecar as 23hrs.''

Emma deu uma risada debochada antes de responder.

'' Como posso saber que posso confiar em um numero desconhecido? Você pode ser um psicopata.''

Emma esperou por dez minutos, mas não obteve resposta, então deixou o celular em cima da cama e foi tomar um banho. Enquanto lavava os cabelos seus pensamentos se desviaram até um certo psicopata, e ela lembrou da ultima aula que tiveram. Ela lembrou de como a jaqueta do garoto tinha um cheiro de cigarros e perfume, e de como parecia seguro segurar em sua cintura e sentir o vento causado pela velocidade da moto,  batendo em seu rosto. Foi tirada de seus devaneios quando um pouco de shampoo caiu em seu olho.

Quando Emma voltou ao quarto,  o celular estava com a tela acesa.

" Talvez eu seja. Cuidado com quem anda, anjo."

[...]

- Você até parece um psicopata mesmo em cima dessa moto, sabia?

- Boa noite para você também, anjo.- Nash sorriu em cima da moto.

- Você não devia me chamar de anjo, Nash Grier.- ela lhe lançou um olhar malicioso.

- Prefere demônio?

- Você gosta da ideia de ter um demônio em cima da sua moto?

- Na verdade, são dois. - Nash sorriu e acelerou, arrancando com a moto.

LúciferOnde histórias criam vida. Descubra agora