O pecado da noite tinha gosto de bile, e apesar de só Nash saber o que estava por vir, Emma podia sentir um nó em sua garganta. Quando acordou assustada com a mão de sua mãe em seu ombro, percebeu que mais uma vez Nash Grier tinha dado um jeito de sumir. Mas porque ele teria ido embora sem ao menos se despedir?
Emma apenas ignorou e foi tomar um banho, ainda podia sentir a preguiça em suas veias. Enquanto a aguá fria corria por seu corpo, um costume antigo tomou conta da garota. Se afogar em pensamentos sobre tudo que acontecia em sua vida. Tinha sido um pecado agradável. Melhor do que beber. Ela se sentia mais próxima de Nash agora, embora se sentisse um pouco assustada também. Ele com certeza tinha um comportamento psicopata. E tinha medo de sua própria mente, de seus próprios desejos, lutara com todas as forças mas não conseguira ignorar o que sentia, não conseguira ignorar a atração por Emma. Isso devia assusta-la, mas fazia sua garganta secar. Era a primeira vez que ela se sentia quente por dentro, como se alguém finalmente tivesse colocado uma pequena vela perto do seu coração. O que tudo isso significava? O que Nash Grier significava?
O que ela não sabia era que o garoto estava se fazendo a mesma pergunta, sentando em um bar em algum canto da cidade. Não sabia se queria que a bebida tornasse as coisas mais claras em sua cabeça, ou se queria que o fizesse esquecer de tudo. Como Emma pensava, a mente do garoto realmente o assustava, mas o que mais o apavorava agora, era a parte de corpo responsável por seus sentimentos. Apesar de ser humanamente normal sentir coisas por outras pessoas, ele não se sentiu capaz por muito tempo, e de repente todo um conjunto de sentimentos decidiu o atingir, como um soco na boca do estômago. A ultima vez que se lembra de realmente ter sentido algo, foi no enterro de sua mãe. Uma dor, mas não uma dor de quando você rala o joelho, corta o dedo com o papel ou bate o dedinho na quina de algum móvel, era uma dor silenciosa, e por ser silenciosa era mais cruel. Doía mais. E depois daquele dia ele sentiu seu coração congelar. Junto com o resto de seu corpo. O único calor que ele sentira depois daquilo, foi quando Emma apareceu em sua vida, aquecendo todo o resto quando os dois estavam juntos.
E era por isso que o pecado da noite o incomodava tanto, parecia até agredi-lo de uma forma brutal. É isso o que o orgulho faz. Você fica com medo de te destruírem, e você mesmo acaba se destruindo. De dentro pra fora, cruelmente. Se privando das coisas por não se achar merecedor, ou se achar merecedor demais. Orgulho era um pecado complexo demais, e por isso era o último dos sete pecados capitais. Pensar nisso fez o coração de Nash apertar. Ainda se lembra do primeiro pecado que ensinou a Emma, onde seus corpos dançaram juntos numa atmosfera só deles. Lembrava também do segundo pecado, onde seus lábios finalmente se tocaram pela primeira vez, e ele se sentiu completo. No terceiro Emma se tornou sua, quando o corpo dos dois se tornaram um só. E a partir do quarto, quando as coisas ficaram feias, ele soube que estava tolamente perdido. Embora tudo fora e dentro de si estivesse uma tremenda bagunça, parecia existir um único ponto fixo, em tremenda calma, a única coisa que fazia o tempo passar mais devagar, a única certeza que ela tinha naquele momento. Nash Grier amava loucamente Emma Gale. Ele só não tinha coragem de admitir a si mesmo. Ou a ela.
[...]
Eram por volta das onze da noite quando Emma vestiu seu casaco, prendeu os cabelos em um coque bagunçado e desceu as escadas com máximo de cuidado que podia. Meia hora atrás Nash havia mandando uma mensagem a ela, dizendo pra que ela o encontrasse na esquina do quarteirão de sua casa. Achou estranho, não sabia qual era o pecado da noite, mas qual o fosse, estava a disposta a recusa-lo para que o garoto e ela ficassem em seu quarto, como a tarde toda, apenas os dois. Era a primeira vez em que ela queria ficar deitada ao invés de ir beber. Assim que pisou fora de casa, a brisa gelada bateu em seu rosto e a fez encolher mais dentro do casaco, puxando as mangas para que elas cobrissem seus dedos. Caminhou alguns passos até chegar a esquina, e se recostou em uma placa que havia lá. Um ou dois minutos depois, ela escutou o barulho que agora ela conseguia reconhecer como a moto de Nash, vindo de longe. Alguns segundos depois o garoto apareceu, em cima de sua moto. Quando parou e tirou seu capacete, parecia o mesmo Nash da tarde toda, só que um pouco mais cansado. Seu cabelo estava mais emaranhado do que nunca, e seus olhos estavam vermelhos como se tivesse chorado, mas Emma não acreditava nessa possibilidade.

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Lúcifer
Fanfiction'' Lúcifer significa luz, parecia ser o mais certo anjo de luz no céu. Mas brotou dentro de si um sentimento obscuro, que fez com que ele fosse expulso do céu e se tornasse o mal na terra. A prova de que até um anjo de luz pode ter dois lados, Emma...