Os dois dias que se passaram foi resumido em Emma implorando ao seu pai que não precisasse ter mais aulas, prometeu que não reclamaria mais, que não pediria mais nada, que ela já tinha aprendido o suficiente. Mas como esperado, a resposta foi não. Mas ela não chorou, não bufou, não subiu para o quarto, apenas assentiu e endureceu mais seu coração. Fez uma nota mental relacionada com o fato de nunca pensar em contar com seus pais para algo que ela precisasse. E então o que restou a ela foi reclamar, reclamou para Maria, para o psicologo da escola, para alguns professores, e até para Nate. Se bem que enquanto ela desabafava com o barman ela se afogou em álcool, de todos os nomes e sabores.
Na sexta a noite, bebeu desesperadamente, até sentir a garganta adormecer e sua cabeça girar. Não dançou, não pulou, não se contagiou com os vestígios de alegria que existam naquele lugar. Não fez nada. Apenas bebeu. Se ela teria que enfrentar os olhos de Nash Grier, que pelo menos estivesse bêbada para isso.
Eram quase duas da manhã quando ela sentiu necessidade do seu quarto, da sua cama. Se despediu de Nate e chamou o táxi, o qual dessa vez ela tinha dinheiro para pagar. No caminho, a musica triste que ecoava no carro parecia condizer com a noite escura lá fora. Observou as luzes da cidade e as invejou por serem tão brilhantes, e talvez até quentes. Ela sentia falta de se sentir quente por dentro, como se quisesse colocar uma vela perto do coração, para aquece-lo. Chegava a ser doloroso como depois de cada festa, de tantas bebidas, danças, e pessoas estranhas que passavam por ela, no final da noite ela voltava a se sentir sozinha, fria e vazia. Tentou procurar formas, objetos e pessoas que pudessem preencher aquele espaço, mas tudo simplesmente parecia não se encaixar. Nem Taylor se encaixou. Talvez ela estivesse fadada a se sentir assim.
Quando ela desceu do táxi, jurou ter visto uma luz acesa na casa ao lado. Balançou a cabeça como se a mesma estivesse pregando mais uma peça na garota e entrou em casa. Assim que entrou em seu quarto não deixou ser tomada por pensamentos, vontades ou vícios, apenas pelo cansaço. Fechou os olhos, e pensou que quando adormecesse aquela sensação vazia teria ido embora, mas parece que até durante o sono o buraco em seu peito resolveu incomoda-la.
Acordou antes de seus pais, tomou um banho demorado, secou os cabelos e vestiu uma calça jeans qualquer e a primeira blusa que viu. Já na cozinha, procurou por aspirinas e um copo de aguá, as tomou e ficou alguns minutos massageando as próprias têmporas. Preparou um café forte e algumas torradas, mesmo estando sem fome. Deixou um bilhete na geladeira, dizendo que quando seu professor chegasse deveria ir diretamente ao escritório, ela estaria esperando. Então, pegou uma xícara grande de café e subiu as escadas. Passou pelo seu quarto apenas para pegar o livro que Nash dera a ela na semana anterior e se dirigiu ao escritório. Se sentou na grande e confortável cadeira e começou a folear o livro. Leu algum trecho relacionado a queda de Lúcifer do céu por meia hora, então ouviu batidas na porta.
Assim que Nash adentrou no comodo, a postura de Emma ficou rígida. Ela não sabia o que falaria, não sabia se os dois continuariam agindo como se nada tivesse acontecido. Então ela abaixou o olhar para as mãos, mas seu olhar se desviou para o seu pulso, onde as marcas dos dedos de Nash ainda se faziam presentes, mesmo que bem mais claras, ainda estavam ali. Então ela subiu o olhar para o garoto, que também a olhava. Ela engoliu seco, mas decidiu que não desveria o olhar, nem abaixaria a cabeça, então ficou ali, sustentando o olhar dele.
Até que Nash abaixou a cabeça, e deu uma risada fraca. Então voltou o olhar para ela, com um sorriso no canto dos lábios.
- Sabe, Emma, espero que você não esteja tão assustada quanto parece estar.
Emma não respondeu, apenas se ajeitou mais em sua cadeira e continuou a assisti-lo.
- Bom, não vamos continuar fingindo que nada aconteceu, não é?- o garoto perguntou, esperando por uma resposta que não veio.

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Lúcifer
Fiksi Penggemar'' Lúcifer significa luz, parecia ser o mais certo anjo de luz no céu. Mas brotou dentro de si um sentimento obscuro, que fez com que ele fosse expulso do céu e se tornasse o mal na terra. A prova de que até um anjo de luz pode ter dois lados, Emma...