Three

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No culto daquela noite Emma apenas sentiu sua cabeça girar e levar seus pensamentos para fora dali, ou talvez até uma pessoa que estava a quatro bancos a sua frente. Não é como se ela se sentisse somente atraída, mas também ameaçada, tentada a descobrir a profundidade do azul daqueles olhos, que não pareciam ser tão puros assim. Emma se sentiu idiota e deu um tapa em sua própria cabeça. Ela sentia tanta falta de algo perigoso e excitante que pensou que conseguiria achar no primeiro par de olhos que encontrasse por ai. O ultimo par de olhos que conseguiu dar a garota o que ela queria demorou a vir,  e era totalmente o oposto de um filho de pastor. A garota riu, mas descobriu que não fora só mentalmente quando uma senhora chamou sua atenção. Emma corrigiu sua postura e se ajeitou no banco, voltando a mergulhar em seus pensamentos, até se sentiu um pouco masoquista por isso, mas preferiu sofrer pelos seus pensamentos do que pela  menininha que cantava desafinadamente e dizia estar compartilhando seus dons com a igreja.

Quando o culto acabou, Emma praticamente correu ao fazer ao caminho até o carro, não via a hora de chegar em casa. Porém uma pessoa cutucou seu ombro a fazendo bufar, mas logo colocando um sorriso falso no rosto e se virando para ver quem era. Engoliu seco quando viu de quem se tratava.

- Com pressa pra chegar em casa, Emma? - Nash perguntou.

- Não estou me sentindo bem- a garota entortou a boca - então sim, estou com pressa. - usou um tom grosseiro, mas quando seu cérebro se lembrou com quem ela conversava, tratou logo de corrigir. - Me desculpe, Nash! Só quero ir pra casa. - disse entortando os lábios fechados num sorriso.

- Tudo bem. - Nash sorriu abertamente. - Então você gosta de ficar em casa?

Emma apenas assentiu.

- Então não vai se importar que seja na sua casa , não é?- o garoto perguntou com um sorriso maroto.

Emma arregalou os olhos e quase se engasgou, mas conseguiu se controlar.

- O-o quê ?- perguntou de olhos ainda arregalados.

Nash deu uma risada descontraída e alta, chamando a atenção de algumas pessoas que estavam conversando em frente a igreja.

- A aula de teologia Emma Gale, começamos amanhã. Tudo bem ser na sua casa?

- Ahn sim, claro. Sem problemas - engoliu seco e encarou o chão- Ahn, vou indo então Nash, até amanhã.

O garoto apenas assentiu com o maxilar travado, e se virou. Então Emma soltou o ar que nem sabia que estava segurando. Desde quando ela ficava nervosa na presença de garotos? Ainda mais garotos como Nash Grier. Não que ele não fosse bonito, ou que ela não tivesse vontade de acariciar seus longos cabelos, mas em sua opinião, um filho de pastor não podia ser tão interessante. Ou ao menos não era interessante o suficiente para chamar a atenção dela. Por enquanto.

Seus pais foram o caminho todo falando sobre o filho do pastor que eles nunca tinham conhecido e que parecia ser um ótimo rapaz. E que Emma poderia pedir alguns conselhos para ele para aprender a ser um boa jovem e uma boa filha. Ela se sentia incapaz de continuar ouvindo toda aquela besteira então apenas apertão botão off na sua cabeça e se desligou deles. Apenas ficou observando as estrelas e fazendo desenhos aleatórios no vidro do carro. Quando chegaram em casa seus pais subiram para o quarto para fazerem seu estudo da bíblia noturno e depois dormirem, e Emma ficou lá, sozinha, como todas as noites.

Tirou seu vestido e se dirigiu ao seu armário, separando todos os cabides ao meio e se deparando com uma porta do armário, a qual ela era obrigada a esconder para esconder suas roupas preferidas de sua mãe. Pegou uma camiseta preta de uma banda qualquer e a cheirou com os olhos fechados, inalando o perfume que ainda restava ali.  Vestiu a camiseta que ficou no meio de suas coxa como ela gostava, apanhou seu celular e seus fones de ouvido e se dirigiu a janela. Sentou ali, e apenas observou a casa vizinha por mais tempo que gostaria, queria poder arrancar as memorias de sua cabeça. Quando verificou a hora e percebeu que já se passava da meia noite, deu seu melhor sorriso e saiu da janela, deixando ali todas as memorias também.

LúciferOnde histórias criam vida. Descubra agora