Six

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Emma voltava da escola a pé com uma brisa gélida batendo em seu rosto. Ela decidiu que queria caminhar, mas não pra sua casa, ela queria caminhar pra longe, queria ir embora, fazer novas memorias e esquecer das antigas. Sua cabeça andava sobrecarregada nos últimos dias, e as lembranças sobre seus momentos com Taylor não ajudaram em nada. Ela queria saber onde ele estava, o que havia acontecido, porque ele não voltou, ou se pelo menos estava vivo.

Assim que dobrou a primeira esquina, bem na frente do colégio, avistou uma figura conhecida encostada ao muro de uma loja qualquer. Nash Grier. Estava bonito, usava uma touca, a qual Emma invejou pois ela parecia proteger bem sua cabeça do frio que estava começando a incomodar. Ela ficou alguns poucos segundos o observando, quando um estalo de memoria veio a sua cabeça. O filhinho do pastor tragando um cigarro olhando diretamente em seus olhos e depois indo abraçar o pai como se nada tivesse acontecido. Seus pés pararam na mesma hora, e seu corpo se virou dando meia volta. Assuntos estranhos com ele era o que ela menos queria agora. Conseguiu dar alguns pequenos passos em silencio, e já estava quase perto de dobrar a esquina novamente, quando a voz dele soou.

- Fugindo de mim, Emma Gale? Uau, assim você me deixa ofendido.- sua voz transbordava ironia.

A garota não sabia o que fazer, então por um tempo, ficou apenas parada pensando se saia correndo, ou se ficava ali e o encarava. Pareceu pensar por tempo demais, pois logo percebeu uma figura maior atras dela, e tudo que pode fazer foi se virar e dar seu melhor sorriso.

- Ah, você esta ai! Ola Nash! Não tinha te visto, me desculpe.- disse exalando uma falsa simpatia.

Nash sorriu para o chão, mas logo subiu seu rosto e direcionou seu par de olhos azuis para os olhos da garota.

- Mentir é pecado, Emma Gale. - disse com um sorriso que fez Emma entortar a boca.- Pecado. Esta ai uma coisa que precisamos trabalhar, não é?

Emma mordeu o interior da bochecha. Não sabia se aquilo era uma crítica ou um convite.

- Porque está à pé, Emma?- o garoto perguntou.

- Precisava caminhar um pouco.- ela disse dando um sorriso amarelo. Queria que aquela conversa acabasse logo.

O garoto assentiu. E então o silencio se fez presente. E não chegava a ser estranho, mas a incomodava, porque era apenas silencio em uma conversa em que ela não queria ter. Pois toda vez que ela o olhava, sentia vontade de perguntar se ela tinha ficado louca, imaginado coisas, ou até se drogado e tido alucinações, ou se realmente ele estava fumando naquela noite, atrás da igreja. Queria perguntar se ele seria apenas o filho do reverendo Chad, ou se ele era o que ela temia, ou talvez até desejava, perigo. Porque uma pessoa que esconde quem realmente ela é, pode ser um psicopata, um assassino, uma pessoa com problemas psicológicas, ou, a mais gritante opção que a atraia , obscuro, perigoso, pecaminoso, sua tentação. Pessoas que se escondem podem ser muitas coisas, e disso ela sabia muito bem, aliás, ela também era uma dessas. Ela suspirou, e já tinha uma desculpa qualquer para ir embora formulado em sua cabeça. Mas parece que todos agiam mais rápido que ela.

- Quer companhia?- ele perguntou- Sabe, até em casa.- parecia meio confuso por dentro também.

E se fazia mais uma batalha dentro da cabeça da garota. Chegar em casa com o filho pastor limparia sua barra com seus pias. Porém, ela não queria ter que andar com ele, e consequentemente, conversar com ele, ter que pensar em assuntos com o qual poderia falar com o filho do pastor. Recusar parecia ser a opção que lhe traria menos cansaço mental. Mas cansaço mental era o que ela mais tinha mesmo, um pouco a mais não afetaria em nada.

- Claro.- ela sorriu sem mostrar os dentes então começou a andar de novo.

Por longos minutos, eles apenas andaram um do lado do outro. Sem olhares , sem palavras. Apenas um misto de emoções que pareciam se chocar na mesma atmosfera desastrosa.

LúciferOnde histórias criam vida. Descubra agora