Anos depois...
Deixar minha família em Nevada e vir para Toronto não foi fácil, eu estava acostumado em lidar com a minha mãe chorando por uma novela qualquer, em ouvir meu pai falando de pescaria na maioria das vezes, nos insultos e brincadeiras de Paul ou até mesmo nos conselhos de Rose, e além do mais ela estava grávida e eu nem veria o meu sobrinho ou sobrinha nascer... Tinha um amor em especial por minha irmã, acho que eu e ela éramos mais ligados. Foi ela que me deu total apoio em pedir para o meu pai investir na WS. E ela também que inventou de abreviar Work Solutions para WS... Ainda por cima me encheu com o fato de eu ser formado em Marketing e nem pensar nisso.
O primeiro dia foi ruim, me adaptar em um país diferente, uma empresa nova e sob meu comando... Acho que nunca seria fácil, mas, aos poucos tudo se ajeita... Em pouco tempo eu estava bem instalado, com ótimos funcionários- apesar de serem poucos- e com um amigo que tinha experiência no ramo. Amigo em tão pouco tempo, Matt Black já conseguia ser chamado assim por mim.
Quando a empresa começou a crescer, eu fiquei quase louco... Administrar e ainda por cima ter que tentar ganhar uma empresa, ou melhor, várias, não era uma tarefa muito fácil.
Foi ai que eu resolvi contratar uma secretária.
-Senhor Carter- James da portaria fala com sua voz grossa. - As meninas que o senhor chamou para a entrevista estão aqui fora.
-Ah ótimo James, peça para que elas entrem e aguardem na recepção.
-Sim senhor!
Ajeitei a sala, minha mesa... Seis meses que a WS estava na ativa e essa era a primeira entrevista que eu faria com mulheres, porque no sistema operacional Matt fez questão de me ajudar, a maioria quem contratou foi ele, mas, para ser a minha secretária quem tinha que gostar seria eu!
Quando ajeitei a sala, abri a porta e pude ver a recepção, quando pedi para Bete selecionar algumas garotas não imaginei que seriam mais de trinta... Sei que estou espantado... Mas até um gay está parado me olhando, não serei preconceituoso.
"Senhor Carter, o senhor gostaria de mais alguma coisa?" - uma voz sedutora e aquele homem vestido de roupa rosa deitado na minha mesa faz com que meu estomago embrulhe e eu sinta a necessidade de dispensar ele de cara.
-Bete? - chego até a senhora que é bem eficiente. - Tá vendo o homem afeminado ali? - ela sorri assentindo - pode explicar com delicadeza que não é nada pessoal, mas, é um cargo destinado a mulheres mesmo. - ela assente segurando uma risada.
Volto para a minha sala e permito que a primeira candidata entre, uma senhora com os cabelos brancos abre a porta e se senta a minha frente, ela cheira alfazema e sorri de modo amistoso.
-Bom dia senhora?!
-Eu não gosto de amora não meu filho - sorri.
-Não- eu sorrio - perguntei o nome da senhora.
-Se eu namoro? Não meu filho, eu tenho mais de setenta anos e...
-O nome da senhora- falo alto e pausadamente.
-Ah sim Guiniver! - respiro fundo e ela sorri maternal para mim, essa com certeza não vai rolar.
-O que a senhora espera encontrar na WS?
-Se eu tomo AS? Existe essa aspirina ainda? - Me dê forças senhor!
-Não, o que a senhora espera encontrar na minha empresa!
-Aqui é uma represa? - não vou prosseguir!
-Senhora Guiniver... Vou acompanhar a senhora até a porta- falo pausadamente e alto - Qualquer coisa eu ligo. - ela me dá uma bolsada no ombro e eu assusto.
-Não sou surda! - sai da sala e eu corro as mãos no meu cabelo, claro que não é surda! - Bete, a próxima.
-Sim senhor Carter...
A porta se fecha e uma loira alta, com uma saia justa até a altura das coxas, blusa grudada com os seios em evidência, um batom vermelho e um olhar atraente entra em seu salto enorme.
-Bom dia- fico de pé e ela se aproxima mexendo no cabelo, estendo a mão e ela beija meu rosto. - Prazer Carter.
-Dalila!
-Dalila, o que a senhora espera encontrar na WS?
-Senhora está no céu! - sorri e cruza as pernas mostrando a calcinha- Alguém exatamente como você! - sua voz soa como uma atendente de disk sexo, não que eu já tenha ligado, talvez tenha... Ah eu estava carente!
-E o que está acostumada a fazer?
-Posso fazer um teste do sofá se quiser! - ah céus... Com certeza essa não!
-Não- sorrio.
-É gay?!
-É claro que não- ela puxa a minha gravata e seus lábios encostam nos meus.
-Então posso te provar que sou a melhor secretária de todas. - a empurro mesmo sem forças e ajeito minha gravata.
-Obrigado, mas esse fetiche eu não tenho... Eu te ligo qualquer coisa! - ela revira os olhos.
-Com certeza é gay! - sai rebolando e bate a porta. Será que é tão difícil assim?!
-A próxima Bete!
-É pra já.
Agora a porta abre e uma menina morena de pele, olhos verde, cabelo preto e encaracolado entra na minha sala, ela está com uma pasta em suas mãos, veste jeans e uma blusa simples.
-Boa tarde... - pego sua mão e incentivo que ela diga seu nome.
-Luana!
-Carter Harper.
-Sim, eu sei- se senta- curso a faculdade de administração U of T- sei falar diversas línguas, trabalhei na MM - Mosaic Marketing. Trouxe referências do Bryan. - essa sim era o que eu precisava!
-Uau, a Mosaic é maravilhosa... O Bryan é um homem bem sucedido, porque saiu de lá?!
-Eu pedi a minha conta, não estava me adaptando com a faculdade e o serviço. Mas, agora estou no último ano e tem uma mulher no meu antigo cargo! Ela é bem eficiente também.
-Sim, faculdade é algo complicado... O que espera encontrar na WS?
-Um trabalho do qual eu faça meu plano de carreira e mostre quem eu posso ser de verdade. - ela está tão segura de si. Tem certeza a cada palavra que solta, é tão indicada para o que eu quero!
-Luana, eu adorei a entrevista, vou analisar as demais e entrarei em contato! - ela se levanta e estende a mão, pego sua mão e ela sorri.
-Muito obrigada senhor Carter, espero seu contato! - ajeita a bolsa e sai... Até que enfim uma ao menos.
Agora tenho quase a certeza que encontrei a pessoa ideal para o cargo de minha secretária!
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Querido Carter - Um conto de Querido Chefe _ Amazon_
RomanceEu queria entender porque ela mexia tanto comigo... Porque ela havia feito que eu esquecesse a Camille? Porque eu me preocupava tanto com essa mulher que era apenas a minha secretária?! Porque o fato de irritar ela me fazia bem? Era como se eu senti...