Imortal - As Sombras (CONCLUÍDO)

Capítulo 38 - Rompimento

Dulce desabou em minha cama.

Eu tinha a impressão de que os Anjos não dormiam, mas ela parecia necessitada de sair do ar por algum tempo.

Sentei-me no sofá próximo a janela e fiquei observando o movimento fora do palácio, sem realmente me atentar a nada.

Meus pensamentos estavam distantes.

Como eu havia chegado até aqui?

Eu fazia e refazia todo o caminho que me conduziu até essa situação, começando pela genial ideia das irmãs Signori se apaixonarem por Arcanjos. Talvez estivesse no sangue que isso deveria acontecer.

Todo meu treinamento, tudo o que eu havia me moldado para ser... Agora tudo não passava de bobagem, havia algum muito maior acontecendo.

Tudo o que eu precisava era de tempo para pensar.

Primeiro tinha que descobrir quem era esse maldito caçador infiltrado nas Sombras, precisava ganhar sua confiança. Eu só não sabia o que fazer depois disso, esse caçador não conhecia Lúcifer como eu, não poderia acreditar em suas promessas.

Ele tinha uma missão e eu também.

Ainda perdida em pensamentos, ouvi duas suaves batidas na porta.

Olhei para Dulce, mas ela continuava imersa em seu sono exausto. Caminhei até a porta e abri apenas uma fresta.

O Anjo me observava com seus intensos olhos verdes, seu sorriso era impecável e eu senti meu coração se partir:

- Precisamos conversar. - disse em um sussurro seco.

- Sua expressão está mortificada, há algo que preciso saber?

- Vamos para outro lugar.

Passei pela porta e evitei cruzar meus olhos com os de Lúcifer novamente, meu coração batia descompassado.

Antes que Dulce adormecesse nós combinamos como eu me afastaria dO Anjo. Menti para a Original dizendo que seria uma medida provisória, mas foi o suficiente para ela me ajudar a arquitetar uma saída.

E lá estava eu, pronta para encenar meu pior papel:

- Onde deseja conversar?

- No bosque, preciso de ar puro. - e de um lugar onde o caçador possa me seguir.

Caminhamos em silêncio pelo castelo, mantive minha cabeça erguida, mas não ousei olhar para O Anjo.

Meus pensamentos estavam longe demais para conseguir me atentar ao caminho.

Chegamos no estábulo eu selei meu cavalo. Trovão não estava habituado a toda parafernalha de montaria, mas eu ainda precisava fingir que era uma garotinha mais ou menos inteligente e esse tipo de garotinha não cavalga em um cavalo nu.

Lúcifer escolheu um pomposo andaluz de pelo branco. Na verdade Cometa, era uma belíssima égua espanhola.

Meu puro sangue inglês relinchou, satisfeito com a companhia e eu não pude deixar de sorrir:

- Trovão não conhecia Cometa. - comentei.

- Ele é um cavalo recém chegado, muito difícil de se deixar trazer e mais ainda de adestrar, me espanta que te obedeça tão bem.

- Gosto de cavalos, ele deve sabe disso.

Acariciei a crina escura de Trovão e ele se sacudiu em resposta. Decidi que era injusto com o cavalo colocar uma sela pesada em cima dele se eu tinha total controle de suas atitudes.