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Só quero deixar claro que esse é o penúltimo capítulo da fanfic, logo o próximo será o último (vou postar amanhã).

Obrigada por tudo, amo vocês e não deixem de comentar <2

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Sento na cama e olho fixo para Luke durante alguns segundos. Tudo parece confuso, irreal, angustiante.

Meus ombros desmoronam e meus braços se juntam, como se eu quisesse me proteger do mundo. O sangue corre para meu rosto e meu coração dispara.

Tenho dificuldade para falar, mas finalmente consigo.

- Você tem que ir embora. Agora.

- É brincadeira, né?

Luke dá um sorriso melancólico, o que me deixa mais fraco ainda. Mordo os lábios desviando o olhar e ele entende o recado. Então, prossegue:

- Pensei que você quisesse me ver... Me sentir.

Sinto um pequeno aperto no coração quando percebo a tristeza em sua voz. Mas me mantenho firme.

- Eu quero, quero muito. – Digo, aflito. – Mas não podemos continuar nisso.

- Se eu não tiver você, eu vou morrer totalmente. – diz ele, dando dois passos lentos em minha direção.

Instintivamente, levanto e recuo, afastando-me do cara que eu queria jogar em uma cama e transar minutos antes.

- Você não vai morrer, Luke. Você vai ser livre.

- Como você pode ter tanta certeza disso? Não foi você que se afogou em um lago quando tinha onze anos. Não foi você que perdeu toda a família e amigos. Não é você que passa os dias andando pelas ruas, passando pelas pessoas e sendo ignorado por todas elas. Mas é você que consegue me ver, às vezes me sentir. É você que quero pra mim. É com você que me sinto vivo.

- Para! – grito. – Você não tem ideia de como é te amar. Acordo todos os dias sem saber se você ainda está comigo. Acordo todos os dias sem saber se vou lhe sentir, sem falar nas coisas idiotas que eu gostaria de fazer com você em público, mas eu não posso. Eu não posso...

Agora as lágrimas descem pelo meu rosto. Luke dá mais um passo na minha direção e eu levanto a mão para contê-lo. Continuo a desabafar entre soluços.

- Não seja egoísta em pensar que você é o único que sofre com tudo isso. Eu sei que se você partir eu vou sofrer muito mais. Meus únicos dois amigos se preocupam mais com futebol e garotas do que comigo. Meus pais são totalmente desajustados e quando você for eu ficarei absolutamente sozinho no mundo.

Luke abaixa a cabeça e desvia o olhar.

- E como você ainda tem tanta certeza de que tudo será melhor se eu for?

- Eu não tenho, mas preciso arriscar.

Luke parece arrasado e fica em silêncio por alguns segundos. Depois, limpa duas lágrimas que escapam de seus olhos azuis. Ele parece indefeso e uma parte que minha quer abraçá-lo e ficar para sempre em seu abraço.

Em vez disso, falo, chorando mais:

- Não sabia que fantasmas choravam.

- Quando a dor é muito grande, acho que é impossível não chorar. – Sua voz falha e ele abaixa a cabeça por um momento. Então, ergue o olhar para mim e o mantém firme nos meus. – Eu te amo.

A testa encostada na minha, suas mãos seguram meu rosto firmemente, como se quisessem me prender ali e garantir que eu também olhe para ele.

Garantir que eu o veja. E, caramba! Como o vejo.

Seus olhos parecem sofridos, mas determinados. Posso ver neles que Luke não vai me soltar, e agora sei, com certeza que também não quero ser solto.

Ele leva delicadamente suas mãos para meu pescoço e depois para as laterais do meu corpo. Luke me beija, com suavidade. Tento não pensar em nada, apenas aproveitar o momento, apenas sentir a sua língua e a minha na mesma intensidade. Eu estou o sentindo como se nunca tivesse sentido algo antes.

Eu me afasto de repente de Luke.

- Você está sentindo? – pergunta ele, com o olhar ainda fixo em mim.

- Não. – respondo.

Eu sabia que se dissesse a verdade, Luke jamais iria embora e por mais doloroso que fosso ve-lo se soltar de meus braços e atravessar a porta, sabendo que não entraria de volta por ela ou por qualquer outra... Foi necessário.

13 de fevereiro de 2011

17:04 PM

Mais triste que gordo comendo barrinha de cereal.

Após um mês internado na clínica, hoje deveria ser o dia em que eu iria comemorar pela minha saída. Todavia, com tudo o que aconteceu nesse mês, a falta de Luke foi aliviada pelos loucos com quem eu convivia e não estou pronto para deixá-los, não estou pronto para viver uma vida "normal" do lado de fora.

Eu pensei que com o tempo a saudade de Luke iria diminuir, mas não foi bem isso que aconteceu. Agora, a frase estampada em sua lápide se faz presente em cada segundo da minha vida; A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo. Apaga o pequeno, inflama o grande.

Todos os dias da minha vida eu pensei que o que eu estivesse vivendo fosse um sonho ruim, onde Luke iria aparecer a qualquer momento como um arco Iris depois de uma tempestade.

Lágrimas e mais lágrimas caem nas páginas da revista em minhas mãos. Enxugo-as rapidamente quando vejo meus pais entrarem pela porta principal da clínica.

Levanto-me do sofá da recepção e abraço-os. Estava com saudades, mas meus pais não são suficientes para preencher o vazio que em mim ecoa. Só uma pessoa é capaz disso.

16 de Julho de 2011

9:00 AM

Foram preciso meses e várias e várias bebidas para eu me dar conta do óbvio: Eu e Luke jamais teríamos algo feliz enquanto Luke estivesse morto e eu vivo. E obviamente Luke não pode reviver.

Eu caminho pelas árvores, a maioria dos galhos tão próximos uns dos outros que por um momento lembro-me de um Michael criança correndo com um Luke criança pelo mesmo caminho que eu sigo.

Um pouco mais a frente eu vejo o que temia encontrar.

Um lago.

IMAGINARY [muke]Onde histórias criam vida. Descubra agora