Vidas Imperfeitas ~ Revisando

Capitulo 2

           

Livia se encontrava deitada em sua cama enorme e macia. Hoje, em especial, ela não conseguia dormir, sua mente teimava em repassar os acontecimentos de quatro anos atrás. Lembrava-se de quando seu casamento andava em crise e ela pensava em terminar com Alexandre indo cada um para o seu lado, foi quando ela também se descobriu grávida pela terceira vez.

Alexandre prometeu mudar, disse que se tornaria um pai mais presente e amoroso, que seria outro homem, e ela jurou começar a dar mais atenção aos seus filhos. Tudo estava indo bem, eles estavam mudando e as coisas começavam a dar certo, o bebê dela crescia bem e Alexandre estava ansioso com essa gravidez, ele tinha se tornado um pai amoroso com as crianças e babão com a sua barriga.

Quando estava com três meses, ela recebeu uma visita. Era uma mulher bonita, mas extremamente vulgar, ela tinha uma barriga saliente que mostrava sua gravidez de poucos meses, mas já perceptível, seu nome era Fernanda e ela disse que estava esperando um filho de Alexandre. Essas palavras quebraram Livia em pedaços. Ela achou que era mentira, só podia ser mentira, mas a expressão de Alexandre, quando ele viu aquela mulher na sala deles, deixou claro que não era. Eles tinham tido um caso, foram poucas vezes e, antes deles decidirem mudar e recomeçar, foi duro engolir essa traição.

Alexandre ficou louco e queria um exame de DNA, ela disse que faria assim que a criança nascesse. Para Livia, não importava mais, aquilo tinha acabado com toda a confiança dela, ela queria matar Alexandre, mas no final o perdoou. Eles tinham decidido recomeçar depois que ela descobriu a gravidez, e até então ele não a tinha traído, isso ele jurava. A gestação foi tranquila, Alexandre estava ansioso com o nascimento da filha mais nova, e Livia tinha esperança que, apesar de tudo, eles voltariam a ser a família que ela sempre quis.

Fernanda vivia se intrometendo em seu relacionamento, era claro o desejo que ela sentia por Alexandre e a ambição dela, já que, desde o dia em que ela contou da gravidez, fez Alexandre alugar um apartamento e arcar com todas as despesas dela e da criança, mas Livia não ligava, ela estava preocupada demais cuidando de tudo para a chegada de sua bebê. Já sonhava em pega-la no colo, tinha escolhido o nome, mas só falaria a Alexandre quando o bebê nascesse, apenas três pessoas sabiam o nome que ela havia escolhido, ela e mais duas amigas a quem ela confidenciava tudo.

Quando Livia completou oito meses, ela tinha ido até o escritório de sua arquiteta: estava terminando o quarto de sua bebê. Por incrível que pareça, naquele dia ela não saiu com os seguranças, na verdade, ela não gostava de sair com eles, mas Alexandre achava necessário. Enfim, ela foi até o estacionamento pegar seu carro e, quando foi abrir a porta, pode sentir uma coisa gelada tocar a sua cintura. Ela sabia o que era e não foi preciso se virar para saber quem estava apontando aquela arma pra ela.

Fernanda era doente, mas, naquele dia, ela ultrapassou todos os limites, a obrigou a entrar no carro dela - estava sobre o efeito de substâncias químicas - e a última coisa que Livia queria era colocar a vida da sua bebê em risco, então fez o que ela pediu e entrou no carro. Fernanda arrancou com tudo.

A loira falava que estava disposta a matar Livia, que não a deixaria ficar com Alexandre e com todo o luxo que ele dava a ela. Livia tentava contornar a situação, pedindo para Fernanda se acalmar e pensar nos bebês que elas carregavam, porém, Fernanda não escutava, a única coisa que fazia era xingar Livia e o bebê que ela esperava.

Ninguém sabia pra onde Fernanda levava Livia, na verdade, ela não sabia nem se ao menos tinha um destino certo na mente daquela psicopata. Já havia cerca de uns trinta minutos que Livia estava naquela situação, rodando com Fernanda em alta velocidade pelas ruas do Rio de Janeiro. O caminho que Fernanda pegou demonstrava que elas estavam saindo da cidade, isso fez Livia gelar e pedir ainda mais para que Fernanda parasse o carro, ela gritava xingamentos para Fernanda, que gritava de volta dizendo que iria matá-la e que a odiava.