Esquina

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Eu não espero te ver na esquina novamente com os mesmos jeans rasgados, como você, que é tão intacto quanto as cinzas dos teus velhos cigarros imundos. Ainda coberto de lamúrias e cercado de solidão. Eu nunca entenderia essa repetição dos teus desvios nauseantes se você desemboca em mim sempre, sempre.
Talvez então seja eu, que nem percebo, mas me desespero com a forma com que me persegue a tua falta; e inconsientemente te busco incansável, descartando meus próprios ímpetos. Eis o quanto te amo.
Minha lógica falha foi subvertida outra vez por uma fumaça e uma sombra e um vulto e uma aura e um perfume que me reconheceram também. Me dilui em braços e beijos que me perderam de vez. Então me tranco entediada em um convés amargo e me encolho até que meu rosto toque meus pés. Até o seu vislumbre desaparecer.
Que sentido há em dar tantas voltas se por todos os caminhos você me encontra? Sempre, sempre.


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