Caída

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Os seus lindos, lindos cabelos que ao vento parecem uma capa esvoaçante atrás de si e no sol brilham como ouro estão caindo. Você não tem mesmo nada na cabeça, nem lucidez, nem fios. Mas um lenço esconde isso e, aquilo, um sorriso. Os seus olhinhos pequenos estão arregalados e cheios de lágrimas, de terror; apertados e cheios de lágrimas, de raiva. Estão secos. Estão se fechando. Na verdade quem cai é você, menininha, e se estilhaça e não tem conserto; os pedaços menores se perdem; os maiores e mais pontudos você fantasia colar de volta enquanto usa para aliviar aquela dor.

Me perdoe. Todos os sonhos que você tinha. Eu não sei quando aconteceu. Volte para mim, me espanque e me faça perceber os absurdos a que me submeto.

Tu estás tão deplorável agora, decrépta e delirante. Tapo as narinas porque me nego a respirar teus ares de superioridade. Pretenciosa.
Isso pois esqueceu como amar.
Porquê quis.
Por culpa minha.

Eu amo a mim mesma mais do que mereço e mesmo o amor que me devoto é doentio.

Me sinto apodrecer.
Diga que há tempo.
Por gentileza.
Por
Piedade...
Alguém acuda!
Abrace-me até que eu me acalme. Me faça retornar.

24/10/2015

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