Quando eu for tocada novamente, vai doer?
Vai parecer que esses dedos curiosos percorrem uma queimadura inflamada?
Vai doer porque não é você? Ou porque sou eu, e eu estou tão cansada de me desfazer?Eu fui ficando meio arisca com o tempo, sabe?
Será que o toque vai desenhar seu caminho à superfície da minha alma, e penetrar, só um pouquinho? Será que vai sugar a matéria da minha existência com um canudinho de ferro reutilizável e cuspir na pia do banheiro?
As vezes essas mãos alheias parecem os ventos moldando a geomorfologia, e eu então queria ser um rígido monólito, mas olhe para mim! Uma duna móvel frágil suscetível ao vai e vem e e vem e vai e vai e vem desses toques, essas mãos, esses medos.