É a desgraçada da melancolia que me estraga o desespero.

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É a desgraçada da melancolia que me estraga o desespero.

Minha mente esta doente e meus dedos vomitam palavras. Preciso que alguém assista a minha dor. Tenho vergonha de mim mesma, do meus passos, dos meus delírios, dos meus atos, dos meus versos, dos meus traços. Penso todos os dias em todas as faces do fim. Uma ciranda sobre corpos destruídos. Sinto um sopro gélido na alma. Sempre o mesmo drama adolescente: "Ninguém me ouve, ninguém me nota". Eu assisto, apática, ao espetáculo. Tantas gargalhadas...estão rindo de quê? Tem uma formiga na parede azul... E este homem a minha frente, sobre o que fala? Eu tenho tanto medo, tanto medo, tanto medo. Meus pensamentos me bombardeiam, um, e outro e mais outro, simultaneamente. Sinto que estou na vergência de explodir...Quando foi a mesmo última vez? Faz tanto tempo... Eu ainda lembro dos seus olhos castanhos. Alguns se vão, alguns se vão para sempre... Ela não se foi, mas não me enxerga. Múltiplos acordos desfeitos. Como foi que esquecemos a forma das vogais? Ai. Já não me lembro. Meu coração trêmulo está despeçado. Ela me disse: tua mãe deveria ter te abortado. Se quer saber, eu concordo. Os meus cabelos brancos estão dançando sobre minha face. Queria tanto poder voar com asas próprias. Eva! Porque fizestes isso comigo? A racionalidade foi o maior castigo. Eu estou tão triste que não consigo chorar.   

28/10/2014

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