Rafael estava no quintal da minha casa, junto ao seu violão e seu dom maravilhoso de cantar, o que não deu muito certo, já que a voz dele era muito engraçado para este tipo de coisa. Eu, no meu quarto, não parava de rir, e ele não parava de cantar.
- One more chance baby - Ele "cantou" tentando parecer sério, o que foi mais engraçado ainda. Era para eu estar brava com ele mas... não sei, só não consegui. - Estava aqui na minha cozinha pensando em como poderia conquistar o seu coração, por um momento me distrai porque pensei "meu deus, como eu quero ter um furão." - Ok, essa parte foi nada haver, mas foi engraçado.
- Meu Deus! Você é um retardado - Gritei pela janela mas fui ignorada com o rap maravilhoso que ele estava tentando cantar.- Oh baby baby eu te amo, mas não amo mais do que a puta lá da esquina. Oh baby baby vem pra mim, vai tomar no seu cu, eu vou ali chutar uma quina. - Dei uma risada alta e tampei a boca enquanto assistia o pedido de desculpas mais engraçado do mundo. Oh meu Deus, alguém me socorre. - EU NUNCA VOU COMER UM CORAÇÃO, comer um coração... COMER - Interrompi-o.
- Já está perdoado, pode parar de cantar - Ainda estava na minha crise de risos enquanto ele parava e começava a rir também. Nunca tinha ouvido sua risada, é estranha, parece uma hiena morrendo, e é contagiante.
Quando fui para o quintal, ele se aproximou com os braços abertos, porém, enquanto ele se aproximava, as lembranças das palavras dele no dia da festa me fizeram negar o abraço e voltar a ficar com um pouco de raiva dele. Não sei o motivo pela qual as palavras me afetaram tanto, devia ser por conta do beijo. Rafael bufou e olhou nos meus olhos, e cuidadosamente pegou em minhas mãos.
- Posso conversar com você num lugar onde podemos ter privacidade? - Perguntou, provavelmente se referindo aos meus pais, porém não protestei.
Eu não sabia se ele ainda se falava com a Bianca, se eles estavam juntos, se ele realmente se arrependeu de ter me beijado ou se queria mesmo ter dito aquelas coisas, então todas essas perguntas poderiam ser respondidas. Levei-o até meu quarto e sentamos na cama, sem olharmos para o outro, até que ele se virou para mim, enquanto eu ainda achava o chão interessante.
- Miha eu... eu sinto muito. Não queria ter estragado tudo, não queria ter dito aquelas palavras, eu estava bêbado e... - Interrompi ele.
- Bêbados sempre dizem e fazem o que eles realmente querem e não tem coragem enquanto sóbrios. - Eu disse olhando para o chão.
- Você está querendo dizer que eu quis te beijar? - Perguntou num tom sério, como se estivesse caçoando da minha cara, eu apenas neguei com a cabeça, e antes que eu pudesse falar, ele completou. - Porque você acertou.
- Eu não estou entendendo, Rafael. - Olhei para ele, provavelmente com o rosto vermelho e com medo de me perder novamente em seus olhos. Mas consegui me controlar. - Ok, você quis me beijar, então você quer dizer que quis dizer tudo aquilo também?
- Michelle, me escuta. - Lange pegou em minhas mãos e começou a acaricia-las, não recuei, apenas o escutava. - Desde a primeira vez que eu te vi, naquela festa, eu percebi que você era diferente de todas. Você não dava em cima de mim como todas, não usava roupas curtas como todas, você era diferente, mas num sentido bom. Eu sempre te achei bonita, desde aquele dia, e não só por fora, mas por dentro. Eu sempre quis saber como seria o gosto dos seus lábios nos meus, uma pena que eu não posso lembrar de como é senti-los. Bianca era parecida com você, mas só de rosto mesmo, porque ninguém é igual a você, você é única, e é perfeita desse jeito.