Acordei com a respiração do Rafael em meu pescoço, e quando decidi levantar, seus braços circularam minha cintura, me puxando para ele. Eu corei, porém ele não via, e eu até ficava feliz com isso.
- Fica só mais um pouco, por favor. - Ele sussurrou com uma voz sonolenta, e provavelmente sem abrir os olhos, sua voz estava tão apaixonante que qualquer pessoa poderia se apaixonar nesse momento.
Espera, qualquer pessoa não.
- Rafa, você sabe que horas são? - Falei baixo, como se só ele pudesse ouvir, e de fato, só ele podia, com certeza. Se meu pai soubesse que ele havia dormido aqui, ele provavelmente iria ter arrancado o meu coro e o dele.
Me sinto ser virada e dar de frente com ele, como sou menor que ele, meu olhar caiu em sua boca, e por segundos fiquei olhando para ela, e nesses segundos pensei em como elas ficam maravilhosas junto a minha e de como são macios e de...
Como sou idiota de estar pensando isso.
- Eu perco a noção do tempo quando estou com você, Miha. - Ele sussurrou, ainda com os olhos fechados, eu sorri, pois sabia que ele não estava olhando.
O celular dele acende, indicando uma nova mensagem. Senti a respiração pesada dele novamente e deduzi que ele havia dormido. Olhei para o celular aceso com apenas uma dúvida:
Olhar ou não olhar?
Se eu olhar, estarei sendo curiosa demais, mas e se for uma emergência? Tipo, se alguém da família dele estiver doente, eu seria egoísta demais de não ter visto e não ter avisado, não é?
Estiquei o braço, pegando o celular dele que estava indicando uma mensagem nova, desbloqueei o celular que, por sorte, não tinha senha. Será que estou sendo curiosa demais? Abri o SMS, onde mostrava a mensagem da pessoa que estou odiando no momento.
Bianca.
Bia s2: Eai, hoje ainda está de pé?
Respondo ou não?
Rafael: não sei.
Bia s2: eu estou com saudades, ontem o jantar foi maravilhoso.
Eu não estou acreditando! Quer dizer, ele me beija, parecendo ter sentimentos, depois diz coisas românticas e bonitas, aceita dormir comigo porém, ainda sai com a Bianca.
Logo quando estou começando a sentir algo.
Por que isso acontece comigo?
Me solto de seus braços com brutalidade e Rafael abre os olhos assustado, eu ainda estou segurando o celular dele e quando ele olha para o mesmo ele se assusta ainda mais. É a segunda e ultima vez que choro por Rafael Lange.
- Michelle, o que você está fazendo com o meu celular? - Sua voz soa calma, enquanto ele está sem camisa e sentado na cama, respirando fundo.
- E você? O que está fazendo com o meu coração? - Eu gritei com ele, levantando o celular em direção dele, e logo, jogando em cima dele. Coloquei a mão em meu cabelo e puxei com muita raiva. As lágrimas rolavam em meu rosto inteiro.
- Não é isso o qu- - Ele levantou e se aproximou. Cortei-o no meio da frase que todos dizem para as trouxas acreditarem.
- O que estou pensando? Sim, é sim. Você acha que sou trouxa? Eu sei que você queria me fazer de brinquedo enquanto sua boneca favorita continuava sendo a Bianca, mas sabe o que você faz agora? Vai brincar com a Barbie na Dream House dela. - O empurrei e joguei o travesseiro nele, enquanto minhas lágrimas atrapalhavam a visão da cara de pau dele.
