Era final de ano e o tão aguardado dia havia chegado: a confraternização da empresa La Bella. As festas costumavam ser do mais alto nível, sempre com comida à vontade, desde almoço até lanches e petiscos, uma variedade de coquetéis alcoólicos ou não, música, piscina, salão de jogos e muita fartura. Era o único dia que compensava trabalhar, pensava com escárnio a funcionária Ana Clara.
O expediente se encerrou às 11h, portanto as amigas Ana Clara, Julia, Paula e Ananda já estavam a caminho da chácara. O local localizava-se a apenas alguns minutos do trabalho, apesar das garotas não conhecerem nenhum lugar bacana para uma festa nos arredores da empresa.
Trinta minutos de pista seguindo o endereço impresso no convite as conduziram a uma estrada de terra com uma placa pregada num poste: Chácara dos Sonhos.
— Ah, chegamos! — exclamou Ana, que conduzia o veículo com entusiasmo.
O carro avançou pela trilha de terra cercada por árvores altas. O silêncio era profundo e, de certa forma, perturbador.
— Cadê a festa? — indagou Julia no banco de carona.
— Calma, devemos estar perto...
O veículo andou cerca de dez minutos pela mesma estrada deserta. Não parecia o caminho para uma chácara, tampouco para uma festa. As garotas já estavam apreensivas e desanimadas.
— Pois é, acho que nos perdemos — disse Ana Clara.
— Mas a placa indicava este caminho! — resmungou Paula no banco de trás.
— Esse lugar parece mais um cenário de filme de terror... Será que a placa era verdadeira? — perguntou Ananda.
— Claro que era! Já vamos chegar — bufou a motorista, já se irritando com a falação.
Ana Clara dirigiu mais uns dez minutos, enquanto a estrada continuava deserta e silenciosa. As árvores ao seu redor bloqueavam a iluminação do sol e espalhavam sombras sobre a estrada. O carro subia uma ladeira com dificuldade, jogando poeira pelo ar. No final da subida, finalmente avistaram um homem vestindo roupa social com uma lista na mão.
— O segurança! Finalmente! — exclamou Julia.
Ana apresentou-se e deu os nomes das garotas ao segurança, que lhe retribuiu um sorriso e disse para seguirem em frente, pois o estacionamento encontrava-se logo à direita.
As garotas riram relaxadas.
— Parecia mais uma emboscada, isso sim — finalizou Ananda.
Quando as garotas chegaram ao tal estacionamento, um galpão escuro, encontraram-no vazio. Exceto por quatro homens de roupas e capuzes pretos que se aproximavam rapidamente do carro.
— É alguma pegadinha? — gemeu baixinho Paula.
Mas não havia brincadeira alguma. O homem mais alto quebrou o vidro do veículo enquanto as garotas gritavam histericamente. Uma a uma, as meninas foram rendidas por braços fortes e, estranhamente, gelados. Por baixo do capuz, Julia pode ver um rosto pálido e sem expressão. Não parecia haver pupilas em seus olhos, porém quando ela fixou o olhar neles, o homem já levantava a cabeça. Dedos gélidos deixaram hematomas no braço da garota, que tentava se desvencilhar a todo custo, sem êxito. Quando abriu a boca para pedir ajuda, um entorpecimento tomou conta de si. Queria gritar, mas não conseguia, seu corpo não respondia aos comandos do cérebro.
O homem a encarava fixamente nos olhos, agora vermelhos cor de rubi. Julia já não sabia o que pensar, todos os seus pensamentos pareceram sumir de repente. O mesmo parecia ocorrer com as demais garotas, que marchavam em silêncio até a única porta visível na garagem.
O local estava cheio de humanos, totalmente hipnotizados pelas criaturas de preto. Alguns estavam acorrentados enquanto outros olhavam sem expressão para qualquer canto. Mais algumas criaturas de preto surgiram, desta vez havia mulheres e adolescentes.
Uma das mulheres aproximou-se de uma moça acorrentada pelo pé. Disse-lhe algo no ouvido antes de cravar-lhe as presas na garganta e beber seu sangue. A garota loira suspirou. A vampira afastou satisfeita os lábios vermelhos, limpando as gotículas de sangue com as costas da mão.
Uma parte de Julia observava a cena incrédula, mas outra parte estava entorpecida pelos olhos do vampiro que a conduzia até sua prisão de correntes. Não possuía mais comando sob si mesma, tornara-se só mais uma presa nas mãos de seu caçador...
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Taquicardia e outros sintomas do medo
HorreurRespiração ofegante, frequência cardíaca cada vez mais elevada, boca seca e amarga, calafrios por todo o corpo, pelos eriçados, pernas que parecem pesar toneladas. Às vezes, o medo causa um pico de adrenalina que lhe permite correr para longe. Contu...