Capítulo 10

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Eu tinha acabado de sair do banho, quando ouvi o interfone tocar. Atendi, correndo, mal me enxugando direito. Quando soube quem era, fiquei totalmente surpreso. O que ela estava fazendo aqui?

Disse para o porteiro que poderia deixa-la entrar, e corri para me vestir, sem saber ao certo o que colocar; subitamente eu estava nervoso, vestindo uma bermuda e camisa qualquer, notando que os deixara molhados, porque não tinha me enxugado direito. Corri, estupidamente, para frente do espelho e notei que meu cabelo, também molhado, estava uma bagunça só.

Ouvi o soar da campainha e revirei os olhos para mim mesmo, saindo da frente do espelho. Corri para a porta, dei três, inúteis, respiradas intensas, (isso tudo para tentar me acalmar da confusão que estava sentindo dentro de mim), baguncei meu cabelo, e lembrando que estava sendo estúpido, abri a porta.

Ela se endireitou, ensaiando um sorriso, que talvez eu diria que beirava para a timidez e nervosismo. Típico dela.

Mas quem era eu para falar alguma coisa?

Provavelmente estava igual, senão pior.

- Oi. – ela disse.

- Oi! – eu disse, notando que tinha que deixa-la entrar.

É estranho quando você percebe que ela só tinha vindo uma vez no meu apartamento, e que eu já tinha ido no seu, incontáveis vezes. O fato de ela estar aqui dava a sensação de algo muito novo, que me deixava nervoso. Além de sua própria presença.

- Minha vez de aparecer sem avisar. – ela brincou, tentando deixar o clima leve.

Estava tão doce com aquele sorriso, e sua forma de não saber o que fazer.

- Bom, eu adorei a surpresa. – eu disse, mexendo nos meus cabelos, por não saber o que fazer com minhas próprias mãos. Ou comigo mesmo.

- Ah, espero não estar atrapalhando. – eu neguei com a cabeça, colocando meus braços para trás, entrelaçando meus dedos.

- Eu acabei de tomar banho e estava pensando no que iria fazer agora. – eu disse – Provavelmente iria ficar jogado no sofá vendo alguma coisa na TV...

Ela assentiu.

- Ok... Eu... Queria te falar uma coisa... – ela esfregou seu braço esquerdo, como se estivesse com frio. – Bom, na verdade, me desculpar...

A encarrei, meio incerto do que fazer ou dizer agora.

Talvez eu devesse me desculpar também?

Quer dizer, provavelmente, sim. Mas como eu explicaria para ela aquilo? A minha babaquice de tentar deixa-la com ciúmes, sendo algo que foi por impulso? Ou o fato de que eu próprio sentia... Bom, ok, eu sentia ciúmes dela. E como eu explicaria, que talvez nem deveria, o que senti quando tivemos aquela "briga", no seu apartamento? Como explicaria aquelas coisas que disse pra ela, no carro, que talvez ela nem lembrasse?

- Acho que sou chata demais com você. – ela disse, tímida. Suas bochechas levemente coradas. – E acabo sendo injusta, e sei lá... Desculpa.

- Eu... – hesitei, realmente sem saber o que dizer. – Ah, eu não sei o que dizer... Talvez eu também devesse me desculpar... – pigarreei.

Ela me olhou como se esperasse que eu completasse. Como se esperasse uma explicação.

- É que... Acho que acabo sendo um babaca...

- Hm, eu acho que sou a grande babaca aqui. – eu franzi a testa, negando com a cabeça. – Percebo que acabo cortando nosso clima... Quer dizer, quando estamos bem e tudo mais.

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