Capítulo 11

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O vento bagunçava meus cabelos, os deixando caídos nos meus olhos, mesmo eu tentando tira-los – só para que fossem para o mesmo lugar, novamente. Eu sempre gostei de ficar ali, porque eu podia ver perfeitamente o céu, e quando ele ficava estrelado, era um bom lugar para relaxar e pensar. E, bem, todos sabiam que eu gostava deste tipo de lugar em especial.

Era o terraço do meu prédio, no último andar. Eu tinha sempre que colocar algo para segurar a porta, senão ficaria presa ali. Na verdade, agora não precisa me preocupar com isso: alguém havia improvisado um pano cheio de areia, que tem peso o suficiente para deixar a porta aberta.

Obrigada, vizinho bondoso que teve a ideia brilhante!

Me mantinha sentada, encostada no parapeito de concreto atrás de mim, observando Tyler, em pé, olhando lá para baixo, inclinado mais à frente de mim, na continuação do parapeito.

- Por que nunca tinha me trazido aqui? – perguntou, virando seu rosto para mim. Seu tom acusatório quase me fez rir.

Eu dei de ombros.

- Não faça essa cara pra mim! – fingiu uma cara emburrada – Eu te mostrei meu lugar favorito do meu apartamento!

- Você já entrou várias vezes no meu. – me olhou confuso – Digo, no meu lugar favorito do meu apartamento. Meu quarto.

Levantou uma sobrancelha pra mim.

- Mas este aqui também é o seu lugar favorito. Deveria ter me trazido aqui há muito tempo. – disse, voltando a encarar lá embaixo. – Gosto disso. De altura. É bem mais alto do que meu andar no apartamento, obviamente; as pessoas parecem formigas daqui. É tão interessante ver tudo de cima. Parece que estou encarando uma grande obra, desenhada com muitos ricos detalhes... Devia ter trago a minha câmera! – resmungou, completando seu discurso observador e atento.

- Pode vir outro dia e tirar fotos... Quando quiser.

- Mas acabo de perder várias fotos. – olhou para o céu – Parece que o céu está rindo de mim, me mostrando o quanto pode ficar bonito quando não tenho minha câmera comigo para registrá-lo. E com toda essa cena, daria ótimas fotos.

- Não me culpe.

Ele me olhou, semicerrando seus olhos.

- Merece um castigo por isso. – ele disse, maroto, e eu ri, revirando os olhos.

- Sério, papai?

Ele riu, voltando seu olhar admirador por todos os lugares que seus olhos podiam alcançar. Seus cabelos caíam sobre seus olhos, enquanto o vento os bagunçava mais ainda, dando a ele um charme maior, que poderia até ser impossível, se não fosse Tyler ali.

- Você parece um bobo apaixonado. – provoquei, rindo.

O que eu queria falando isso? Quem estava o encarando sem disfarçar nenhum pouquinho?

- Ah... – riu, meio sem graça – Você se acostuma, quando percebe que eu sempre faço isso, quando vejo lugares que eu poderia registrar com minha câmera; às vezes Oliver diz o mesmo que você e perde a paciência comigo. – riu.

- Por quê?

- Porque eu começo a ficar totalmente desligado, e ele odeia isso.

Eu tinha em mente que ninguém poderia odiar como ele estava agora, porque o sorriso que ele dava e a forma que seus olhos observadores descobriam cada parte do lugar, deixava-o cada vez mais encantador. Os olhos brilhando.

- Seu irmão é um chato. – ele olhou pra mim e gargalhou.

- Concordo.

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