Capítulo 5 - Convivência

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Já era bem difícil, para mim, ter que conviver com um adolescente, mesmo sendo ele meu irmão, imagine agora ter que aturar outros cinco na mesma fase. Verdade seja dita, eu sabia que para eles minha entrada no bando era muito pior que isso. Duvido que se eles pudessem escolher com quem dividir seus pensamentos que eu estaria nessa lista. Nunca estive tão exposta, como acontecia agora que fazia parte daquele bando bizarro! Alguns dias eram mais difíceis que outros.

Ao mesmo tempo em que eu me sentia cada vez mais intimamente ligada a eles por seus pensamentos, havia ocasiões em que eles me repeliam rancorosos. Eu sentia o esforço que cada um deles fazia para manter alguns pensamentos longe de suas mentes na minha presença.

Com o passar do tempo, comecei a me acostumar com isso, por que bem lá no fundo eu sabia que para eles não era nada fácil agüentar minha linha de raciocínio, que era constantemente dirigida à figura de Sam.

Às vezes eu até me divertia sadicamente, vendo-os suspirar, enojados, por Sam assim como eu fazia, isso era uma tortura para eles. Em contra partida, eu também muitas vezes me via querendo abraçar Kim, Emily e até a entojada da Bella Swan! Argh... era nojento.

O pobre do Seth não sabia o que fazer com essa avalanche de sentimentos tortuosos que bombardeavam sua mente inocente, ele tinha uma das mentes mais puras que eu já vi na vida. Intimamente eu me orgulhava dele por isso.

Por outro lado, dentre todos eles o que tinha a mente mais pervertida era sem duvida Paul. Ele basicamente só pensava em duas coisas: Matar Vampiros e Conquistar garotas, não necessariamente nessa ordem!

Ele repassava com freqüência em sua mente o combate que eles travaram com um vampiro em uma clareira, quando este tentou atacar Bella Swan. O prazer que ele sentiu em dilacerar aquele sanguessuga nojento era quase palpável, secretamente eu compartilhava com ele o anseio por um confronto com vampiros em quem eu pudesse cravar meus dentes.

Já quanto aos seus pensamentos sobre as garotas... Era uma sucessão de meninas da escola misturadas com as turistas que visitavam as praias da Reserva, para todas sem exceção, ele devotava um olhar de cobiça.

Porém, estranhamente era com ele, mais exatamente com a mente dele, que eu me sentia mais confortável. Talvez por que tivéssemos temperamentos iguais e mentes mais violentas e objetivas, não sei explicar, só sei que, apesar de antes desse lance de lobo não termos tido muito contato, era com Paul que eu me sentia melhor quando estava transformada.

Ah! A transformação. Não havia luta maior nem mais desigual, do que a de tentar controlar meus rompantes de fúria. Meu guarda-roupa que o diga! Ser a única mulher entre eles era uma desvantagem humilhante, ver a força que eles faziam para não lembrarem-se de mim nua nos primeiros dias foi, para dizer o mínimo, constrangedor. Por incrível que pareça, Seth parecia sofrer mais com isso do que eu, mas eu entendia seu sentimento, afinal de contas, quem quer ver a irmã se expondo desse jeito a cada provocação recebida?

Sam me explicou como funcionava a dinâmica do nosso estranho grupo. O porquê de existirmos, os mistérios que nos cercavam, etc. Dentre esse mistérios o mais impressionante que tive conhecimento foi o IMPRINTING, era um processo louco ao qual os lobisomens estavam sujeitos de uma maneira inimaginável. Quando um lobo "sofria" o Imprinting por uma pessoa, essa passava a ser o centro do seu universo particular. A coisa era tão poderosa que não havia como escapar dela, o lobisomem se via subjugado por uma força que o fazia dedicar-se ao alvo do seu amor/devoção como se virasse escravo desse sentimento.

Foi assim que eu comecei a entender o que havia acontecido entre Sam e Emily, e por que ele se viu obrigada a romper comigo. Mas mesmo depois de saber disso eu ainda era incapaz de perdoá-los, pelo menos por hora.

She WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora