Capítulo 15 - Dúvidas

819 73 11
                                    

Não sei por quanto tempo fiquei ali senta, nua, no chão frio do banheiro, as costas apoiadas na porta, o rosto enterrado entre as mãos, com um único pensamento gritando em minha cabeça "Você deixou ir longe demais!".

Isso ficou se repetindo e, repetindo e repetindo... Minhas pernas já estavam dormentes por estarem na mesma posição por tanto tempo.

Estiquei as pernas doloridas, esperei passar o formigamento e depois levantei lentamente, fui até a pia, joguei um pouco de água fria no rosto e na nuca, numa tentativa inútil de clarear as idéias. Fitei os olhos que me encaravam de volta no espelho, eles estavam atormentados, febris. Eu estava dividida, uma parte de mim dizia-me que eu deveria voltar para aquele quarto e aceitar TUDO o que ele estava me oferecendo; já a outra me dizia para por um Ponto Final nessa história antes que o pior viesse a acontecer. Mas o que poderia ser pior do que aquilo!? "O que você acha que está fazendo Leah!?Esqueceu de como foi difícil com Sam?", me repreendi. Eu não sabia a qual dar ouvidos.

Eu só queria que ele não me amasse, pelo menos não daquele jeito, tudo seria mais simples se mantivéssemos nosso relacionamento apenas na parte física, com isso eupoderia lidar, já com a questão emocional... Eu não podia ter certeza se conseguiria sobreviver á outra decepção amorosa.

Um coração partido fora o bastante para mim! Seria exigir demais querer que eu passasse por todo aquele tormento, uma segunda vez, como havia sido o termino do meu namoro com Sam.

"Por que meu Deus!?O que há de errado comigo?" pensei desesperada, "O quê? Eu tenho o dedo podre para homens, é isso?", minhas duvidas se multiplicavam.

Com tantos caras por aí, eu tinha que me envolver, novamente, justo com um Lobisomem sujeito a sofrer o maldito IMPRINTING a qualquer momento!? Sim, porque nenhum Lobisomem estava livre dessa sina maldita, aliás, nenhum não né? Havia um que jamais passaria por isso. O "Lobisomem Mulherzinha", ou seja, EU!

Ri descontrolada para minha imagem no espelho, eu bati todos os recordes das Bizarrices, eu era uma aberração até mesmo dentro da minha própria espécie!

Um dos principais motivos pelo qual o Lobisomem sofria o Imprinting era o da "preservação da espécie", eles se sentiam impulsionados a se fixarem em uma única mulher que pudesse gerar filhos fortes e sadios para manter a matilha sempre ativa.

Eu não podia oferecer isso a ele, por que a partir do momento em que me transformei, meu corpo mudou, eu não menstruava mais, não ovulava, assim sendo, não podia ter filhos. Pelo menos, não enquanto vivesse nessa via de mão dupla que era ser meio humana meio Loba, e ao que me consta isso seguiria por um tempo indeterminado, eu não fazia a mínima idéia de quando ou como iria parar. Então eu me perguntava: que homem, fosse ele lobo ou não, em sã consciência iria querer ficar com uma criatura monstruosa feito eu!?

Não consegui chegar a nenhuma conclusão a respeito do meu caso, apenas decidi que eu tinha que sair daquele banheiro e encarar o "problema" de frente.

Lavei o rosto mais uma vez, ajeitei meu cabelo, respirei fundo e saí.

Não havia sinal dele no quarto. Ouvi sua voz, vinda da sala, me chamando.

– Leah? Você pode vir até aqui um minuto? – a voz soou neutra. Respirei fundo mais uma vez.

Vesti o roupão que estava largado aos pés da cama e me encaminhei até onde ele estava. Parei indecisa, não sabia se deveria me sentar ao seu lado no sofá ou na poltrona que ficava em frente. Escolhi a última opção, sentei e fiquei olhando-o, esperando que ele falasse.

She WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora