Eu peguei o carro da minha mãe e a jaqueta do Theo que ele tinha deixado jogada no sofá, estava frio aquela noite, fui ao endereço o mais rápido possível, devo ter passado uns 11 sinais vermelhos, perguntei o endereço pra estranhos na rua, até que eu cheguei, era uma igreja, quando eu abri a porta, o Frederico me abraçou e disse:
- Ainda bem que você já veio de preto.
Meu coração gelou no mesmo instante, meu mundo desabou, eu olhei pelo ombro do Frederico e vi a Liz, chorando abraçada com o Heitor, eu não sabia o que fazer. Porque a Brenda? Eu fui falar com a Liz e o Heitor, e depois nós quatro nos abraçamos, quando a gente sentou a mãe da Brenda disse que uma das costelas da Brenda tinha saido do lugar e perfurado o pulmão dela, eu preferia não ter ouvido aquilo, e eu senti na boca o gosto do sorvete que ela tinha ido comprar no dia do acidente, e realmente, não valeu a pena.
E eu sequer cheguei a contar que sabia a cor do cabelo dela, isso me fez chorar mais ainda.
Depois disso todos foram pra minha casa, talvez sentar no balcão da cozinha e ficar olhando um pra cara do outro sem saber o que fazer ou o que falar, não era como se ela tivesse deixado de existir, ela existiu, a cor dela ainda estava ali, o tempo todo, com a gente.E eu olhava pro rosto da Liz como se não visse mais ela contando uma piada, todos estavam compartilhando da mesma dor, mas eu me sentia culpada, não sabia explicar, como se eu sentisse o dia do acidente, como se eu tivesse ficado dentro do carro com ela no dia do acidente, e ido comprar sorvete.
Theo me ligou algumas horas depois, já era quase três da manhã e ninguém conseguia dormir, ele me disse que toda a escola já sabia, e perguntou se eu estava bem, eu sim, minha vida não.
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Cor Favorita
RomanceDaltonismo: substantivo masculino; problema hereditário caracterizado por uma anomalia na visão das cores, ex. uma confusão entre o azul e o rosa. Se já não enxerga as cores direito, quem dirá o amor. Valentina, tenta ver tudo de uma forma diferent...