- Esse bolo está realmente muito bom Dona Rose.
- Tia Rose querida, era assim que você me chamava...
Foi quando eu e a minha mãe ouvimos um barulho na porta;
- Você convidou alguém?
- Eu não, e você?
- SOMOS NÓS! - ouvimos um coro do lado de fora
- Podem entrar, ela está na cozinha...
- Valentina, todo mundo mandou nós irmos com calma, então aqui vamos nós...
- Eu sou o Frederico, seu melhor amigo a 11 anos mas isso a 6 meses, você ficou 6 meses apagada então agora são 11 e meio mas a gente não se falou não sei se ainda conta...
- A gente disse devagar Fred... - Tia Rose disse resmungando
- Eu sou a Liz, sua melhor amiga também, nós eramos 3 garotas mas agora os meninos passaram de nós...
- Eu sou o Heitor, seu futuro ex namorado mas por agora só amigo...
- E eu sou seu vizinho Aaron, não a tanto tempo mas a gente se conhecia bem.
- Eu estou sentindo a falta de alguém...
- Deve ser do Theodoro... - Heitor disse revirando o olho
- Não, da Brenda...
Todos se olharam e se encararam por uns 4 minutos de silencio total, até minha mãe decidir falar;
- Eu tenho que levar a Tina, até a psiquiatra pessoal, para ver se ela ainda precisa de remédios, vocês querem acompanhar?
- Claro, por que não? - novamente o coro
Passamos na sorveteria, e eu senti um frio que nunca tinha sentido na vida, em uma das cadeiras vazias da mesa eu podia ver uma cor tão forte, mas não sabia do qual era, mas estava lá, comigo.
Chegamos ao consultório e eu podia sentir a diferença, o letreiro estava aceso, eu ainda lembrava da frase "Água salgada, alma lavada" para sempre o meu bordão, as flores também mudaram, enfim, eu mudei.
- Valentina! Que saudade de você, minha melhor paciente, fiquei sabendo a pouco que você saiu do hospital...
- Sim, estou bem melhor a proposito, mas minha precisa ver se eu ainda preciso tomar remédios, então, cá estou...
- Claro, entre.
E depois de acho que duas horas, debatendo as cores de uns cartões com desenhos que a Doutora Sophia guardava na sala, nós falamos sobre a Brenda e como ela foi incrível comigo, sobre os meus amigos e sobre terminar a faculdade, eu só soube responder que a vela do meu navio ainda não estava erguida, eu ainda estava sem direção;
- Eu decidi aumentar a dosagem dos remédios e dar um novo, nós ainda não sabemos se a queda afetou algo mais do que a visão então, todo cuidado é pouco.
Meus amigos me contaram isso depois de eu sair da sala e eles ficarem discutindo o que fazer comigo, voltamos no tempo? Me tratavam como criança quando eu era doente e agora que estou boa continuo do mesmo jeito...e antes que eu pudesse concluir meu pensamento, a porta do consultório abre:
- Valentina?
- Theodoro?
- Eu vim falar com a sua mãe...
- É ela me disse, você tá melhor?
- Pelo visto não, vou tomar mais remédios, mas olha, vem cá, você quer sair? Quero esquecer disso tudo...
- Ah, claro, mas agora?
- Agora não, agora é tarde, vamos amanha ver o por-do-sol na praia, o que você acha?
- Te pego as 5.
E antes da conversa acabar, mais portas se abrem:
- Valentina saia mesmo, cuidado com o sol, e não esqueça dos remédios rosas.
- Sim, os rosas, agora eu posso vê-los...
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Cor Favorita
RomanceDaltonismo: substantivo masculino; problema hereditário caracterizado por uma anomalia na visão das cores, ex. uma confusão entre o azul e o rosa. Se já não enxerga as cores direito, quem dirá o amor. Valentina, tenta ver tudo de uma forma diferent...