Nós decidimos comprar flores, e eu pedi pra dirigir, não sei porque, eu queria sentir aquilo. Em uma das esquinas que a gente passou tinha uma sorveteria, e a vontade de virar o volante e jogar o carro lá dentro era enorme, enorme como o navio do meu pai, eu olhei no rosto do meus amigos, e eles realmente não estavam bem, eu queria poupa-los pelo sofrimento que eu causei os causei, mas pensei, talvez eu devesse jogar o carro lá só quando eu estivesse sozinha no carro, mas a Brenda não iria querer isso, e pra parar com esses pensamentos, finalmente chegamos.
Compramos flores brancas, flores brancas pálidas, como a neve, como o rosto da Brenda no caixão, pálidas como a vida da mãe dela deve estar agora, eu não sei se a dor me ajudou a ver melhor, mas eu nunca vi uma cor tão bem como aquele branco. Foi quando decidimos ir andando nos lugares favoritos da Brenda, passamos pelo salão de beleza, pela faculdade, onde todo mundo foi pras janelas pra olhar, com uma cara triste, foi quando Theo se juntou a nós a caminhada, e em meio os olhares tristes, de pessoas que nunca falaram com a Brenda, ou que sequer sabiam quem ela era, mas eu acho que o luto se trata disso, de entender a dor dos outros.
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Cor Favorita
RomanceDaltonismo: substantivo masculino; problema hereditário caracterizado por uma anomalia na visão das cores, ex. uma confusão entre o azul e o rosa. Se já não enxerga as cores direito, quem dirá o amor. Valentina, tenta ver tudo de uma forma diferent...