Escarlate

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- Infelizmente ela caiu do farol e bateu a cabeça no rochedo, a maré estava alta ontem a noite, os pulmões encheram de água, mas não pensem o pior.

- Ela está bem então?

- Eu não diria bem, eu diria viva, ela não vai acordar por um tempo, está em coma induzido, sinto muito Senhora Chevalier.

- Foi tudo culpa minha Dona Rose, sinto muito, eu amo ela tanto quanto você, não foi porque eu quis! 

- Eu sei que você não jogou ela lá de cima Theodoro, ela vai ficar bem, não jogue a culpa toda pra cima de você, é só um dia de mar ruim.

E a recepção de um hospital nunca foi tão movimentada, médicos e amigos da Valentina estavam por todos os lados, aquilo não iria acabar bem, eu sei que a culpa não foi minha, mas, eu sentia como se fosse, isso me consumiu por muito tempo.

E foi assim, assim que se passaram 6 meses, 6 meses em coma, ninguém mais tinha esperanças pra Valentina sair viva de tudo aquilo, até hoje.

Valentina começou a se estabilizar e todo o hospital ficou em festa, todo o quarto estava lotado, o jornal local estava lá, a cidade era pequena, todos conheciam todos, eu estava do lado da cama quando ela abriu os olhos:

- Tirem essa luz branca de cima de mim!

E então todo o quarto ficou em silencio, todos ficaram perplexos, Valentina tinha mesmo acertado a cor, ela estava vendo de novo? Isso é possível? Eu não queria pensar naquilo, eu só queria beijar ela:

- Eu nem te conheço, por que você me beijou? E de onde veio toda essa gente?

Foi o que ela disse antes dos enfermeiros expulsarem todos do quarto, precisavam diagnosticar a Valentina de novo, eu só sabia chorar até ali.

Meia hora na sala de espera e finalmente, minha mãe saiu de dentro do quarto da Tina, ela estava vindo na minha direção com uma cara triste e disse que precisava conversar comigo.

Cor FavoritaOnde histórias criam vida. Descubra agora