- Quem diria, dona Rose fazendo um bolo.
- Só de mal não vai comer nem um pedacinho!
- Além de sempre fazer bolo ainda é sempre do mesmo sabor...só você...
- De cenoura com cobertura de chocolate, o seu predileto.
Minha mãe acha que eu sou uma criança, eu só tenho um problema nos olhos e...Nada, e ela me trata como aquele bebezinho de 5 anos, que tentava adivinhar a cor do lápis de cor na caixa. As vezes eu canso da cor do meu quarto, mas nunca da pra mudar, eu escolho amarelo e vem azul, escolho vermelho e fica preto, tenho que adivinhar o que vai ficar, mas assim está bom, ainda não sei que cor é essa, mas é bonita.
Aqui quase sempre faz frio, mas quando faz calor pode correr pra praia, ah, ah praia, um dia quem sabe.
Segunda-feira primeiro dia na faculdade, mas ainda tenho dois dias para aproveitar, e uma bela redação, não estou preparada. Falando sobre não estar preparada, eu também nunca vi a cor de um cérebro, deve ser laranja misturado com vermelho, o meu laranja, e o meu vermelho.
Não sei o que devo vestir, algo como "ninguém precisa me ver" ou como a rainha britânica, tenho que ligar para Brenda:
- Oi esquilo, você faria o enorme favor de vir a minha casa?
Nada além da caixa postal, devo me preocupar? Mas ela sabe se virar, vou para casa da árvore, sim, eu tenho 18 anos e tenho uma casa na árvore , era dos tempos de criança, se ela ainda não caiu, ainda presta para alguma coisa, serve para estudar, serve para chorar, serve para esconder seu boletim e serve para ter seu primeiro beijo, e o mais importante, é um ótimo lugar para ver o meu vizinho, Aaron, está na posição certa da janela do quarto dele, eu não sou uma pervertida que fica olhando o vizinho se trocar nas sextas a noite, mas sim por um motivo, quando ele está vendo TV eu consigo ver o rosto de tédio dele enquanto fica pegando no colar de bússola, por isso vale a pena ficar no escuro enquanto como uma fatia de bolo de cenoura que a minha mãe fez a dias.
Alguém pode me dizer porque a Brenda não responde as minhas mensagens? Eliza? Fred? Alguém? Cheguei ao ponto de ter que conversar com o mar. Chega de ondas, hora de dar adeus para o Aaron e ir dormir:
- Ótimo, a janela está fechada, melhor parte da noite...
Falei sozinha, mas ainda assim ouvi uma resposta:
- Eu estou com sono, posso?
Como ele pode ter me ouvido? Será que ele sabe que eu olho pra ele todo santo dia? Desci correndo a escadinha da árvore, no fim quando cheguei no quarto, notei que quebrei a unha, agora sim a melhor parte da noite. Preciso dormir.
- Bom dia mundo!
- Bom dia Tina!
Me assustei ao ouvir a voz de alguém respondendo outra vez, era a Liz, sentada na ponta da cama enquanto lia o diário que eu tenho que escrever pra entregar as sextas pra psicóloga.
- Então quer dizer que a pequena Valentina anda chorando pelos cantos?
- Pare de ler meu diário Eliza, não quer que eu espalhe que seu primeiro beijo foi com uma batata quer?
- NÃO IMAGINA, VOCÊ ESTÁ MAIS QUE BEM...
Eliza sempre me faz rir, mas o que ela estaria fazendo aqui a essa hora da manhã, tenho certeza que não foi para comer o bolo:
- O que você faz aqui a essa hora dona Eliza Legrand?
- É então, sabe a Brenda? Aquela menina super legal que a gente conhece a sei lá 11 anos?
- Claro que sei quem é Brenda, Liz, aconteceu algo?
- Ela sofreu um pequeno acidente de carro ontem depois de te deixar em casa, ela disse que foi comprar sorvete, só isso, mas ela está bem.
Meu coração gelou, assim como aquele sorvete deve ter ficado, 3 dias antes do inicio das aulas, parabéns, a recuperação ia ter que ser super rápida, não sei porque estou reclamando, estava demorando para algo de ruim acontecer com a gente de novo, já não basta a mãe do Heitor, e agora isso;
- Mas ela tá bem Eliza? Me diz que sim.
- Ela fraturou uma costela, ou algo assim, mas a mãe dela garantiu que ela tá bem.
- Ufa, e o sorvete tá bem também? - Perguntei rindo
- O médico disse que ele tá bem, mas nunca mais vai ser gelado com ninguém...
Só a Liz pra fazer rir em uma hora dessa. Tenho que tomar banho, e descer pra tomar café, rezando para que não seja bolo de novo, Liz está usando um dos meus vestidos brancos, pensa que eu não notei;
Descendo as escadas cantando a nossa musica preferida, quando dou de cara com ela...
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Cor Favorita
RomanceDaltonismo: substantivo masculino; problema hereditário caracterizado por uma anomalia na visão das cores, ex. uma confusão entre o azul e o rosa. Se já não enxerga as cores direito, quem dirá o amor. Valentina, tenta ver tudo de uma forma diferent...