Um

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Waters aparece na porta da minha casa tão rápido quanto passa a correr atrás de Harry e logo já estamos metidos em uma perseguição. O Honda Civic que perseguimos toma a decisão que menos esperávamos: a de parar. Depois de muito corrermos, o carro para de repente, ao entrarmos em uma estradinha no meio do nada e darmos de cara com um galpão aparentemente abandonado. Mas não é, atrás do galpão há uma pista de decolagem. Estivemos aqui semana passada, uma testemunha disse ter visto um grupo aqui, o mesmo grupo que temos perseguido nos últimos meses. Quatro pessoas descem do carro, fugindo para dentro do lugar. Gabriel, que corria atrás deles com Hawk, desce do carro e ambos corremos para dentro do local enquanto Jake entra em contato com a agência pedindo reforços.

O galpão está lotado de caixotes gigantes de madeira, ótimo para se esconder. Gabriel e eu tivemos que nos dar cobertura enquanto a equipe não chegava. Waters logo entrou, agregando a equipe, em seguida Hawk; com isso constatei que a equipe solicitada como reforço havia chegado. Gabriel conseguiu render alguém, e o levou para fora.

- Vi um deles fugir pelos fundos. – Ele diz no ponto e Waters sai em disparada para a porta do fundo, atrás do fugitivo.

Hawk e eu ficamos. Pelas contas, sobrará apenas mais dois. Por isso nos separamos e assim que viro, uma bala voa em minha direção, me atingindo a queima roupa. Harry. Uma fúria toma conta de mim. Ao longe outro tiro, depois mais um e um grito... Mas não é Harry, nem Hawk.

- Peguei um deles, estou levando para fora. – A voz de Hawk ecoou em meus ouvidos.

Sobrou apenas um.

Harry.

Confiro as balas em minha arma e respiro fundo. Dou alguns passos com cautela. Um barulho. Prendo a respiração e viro, mas quando me viro não vejo nada. Meu braço dói um pouco e apenas olho para ter certeza de que não foi tão feio assim. Há sangue em minha jaqueta. Encosto o dedo, com cuidado, não há bala dentro do ferimento; não foi nada tão grave. Respiro fundo. Dessa vez, eu não vou deixar MacMillan escapar.

A madeira range a cada passo que dou, encosto-me no caixote e respiro fundo, sinto meus batimentos acelerados em meu peito, uma onda de calor atinge-me e a dor em meu braço aumenta. Cerro os olhos, apertando-os em seguida. Apoio todo o meu peso em uma perna e tento relaxar. Ouço a madeira ranger próximo a mim. Seguro firme em minha pistola e destravo-a com movimentos leves, caminho até o outro lado do caixote.

O ruído diminui e some por fim, e aí que eu me preocupo. Nessas situações eu prefiro ouvir barulho, a não ouvir. Vejo uma sombra no corredor se aproximar devagar, minha respiração falha por um instante. A sombra ganha forma à medida que se aproxima, o ruído intensifica-se. Meu dedo encontra-se no gatilho. O ranger da madeira some. Viro-me bruscamente com a arma pouco a cima de meus olhos, vejo o sorriso sarcástico que eu não gostaria de ver novamente. Meu estômago revira, meu peito sobe e desce rapidamente. Seu olhar percorre por meu rosto suado e desce parando em meu braço soltando um risinho debochado.

Ele sabe me provocar, sabe como me irritar e sabe muito bem o que sou capaz de fazer quando perco a cabeça.

- Então, nos encontramos novamente... - Colo o cano de minha arma em sua testa - Você não faria isso nem que eu pedisse, assim como eu , talvez, não faria... -Sinto ele pressionar sua arma contra minha barriga. Ele trava a arma novamente e a abaixa devagar.

Umedeço os lábios devagar e ele encara-me sorrindo.

-Você vai me dar isso aí, ou eu vou ter que pegar? - Intercalo meu olhar entre seus olhos e a pistola em sua mão.

Ele joga a arma no chão e levanta as mãos calmamente.

- Olha só quem está machucada...-Seu tom de deboche me dá nos nervos.

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