Zayn, I'm in war. With who? Myself.

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9 º Capítulo - 1ª parte


Zayn,

Eu estou em guerra. Com quem? Perguntas tu. Comigo mesma. Eu simplesmente não consigo compreender o porquê de ser uma merda tão grande. Eu não consigo comer, não consigo dormir e mal consigo respirar. Não porque estou doente mas sim porque a dor está a arruinar-me aos poucos. E depois eu olho para ti e penso: ainda há uma hipótese de sobreviver. Se ele me salvar eu sei que consigo dar a volta por cima. Mas isso não é justo. Não é justo que eu coloque essa pressão toda em cima de ti. Tu não tens a obrigação de me salvar. Tu tens a tua vida e eu não tenho o direito de exigir nada de ti. Mas o pior disto tudo é que eu sou egoísta o suficiente ao ponto de ter esperança que tu te apaixones por mim quando eu sei que pessoas como tu não se apaixonam por pessoas como eu. Tu estás com ela e tu gostas dela e está tudo bem porque eu entendo. Ela é mais bonita, mais magra, mais tudo. E eu sou, bem, sou eu. Por isso se eventualmente não me salvares não te preocupes. Porque no final de contas eu sei que não valho a pena. Mas às vezes ainda penso que talvez um dia tu me mostres o contrário.

- Porra. – Resmunguei quando deixei cair a minha escova de cabelo. Eu tinha acabado de fazer a minha higiene e já tinha a roupa interior vestida. Os meus pensamentos pareciam estar por toda a parte e isso só me irritava porque eu não me conseguia concentrar em fazer nada certo. Acabei de pentear o cabelo e bufei irritada. Vesti umas calças pretas, os meus Converse pretos e uma camisola fina por baixo da mais quente que era também preta e tinha Vans escrito na parte da frente em letras cinzentas. Preparei a mala rapidamente e olhei para os estores. Suspirei e levantei-os. Zayn passeava pelo quarto à procura de alguma coisa. Ignorei a pontada que me deu no estômago ao imaginá-lo com ela e abanei a cabeça. Sequei o cabelo rapidamente e meti o capucho na cabeça descendo as escadas até à cozinha. Os meus pais não estavam em casa como era de prever. Eu comi cereais sentindo-me sozinha como acontece na maior parte do tempo e depois saí de casa. Meti os fones e fui para a paragem. Hoje apetece-me ir de autocarro.

...

Cheguei ao portão da escola e suspirei. A viagem não tinha demorado mais que dez minutos já que eu vivia apenas a alguns quarteirões de distância. Os vários alunos estavam espalhados pelo espaço escolar e ao observá-los havia muito a tirar acerca das suas personalidades. Por muito que eu gostasse de fazer isso a maior parte das vezes, hoje não era um desses dias, por isso continuei o meu caminho até ao meu cacifo. Deixei lá os livros para o resto do dia ficando apenas com os de MACS (Matemática Aplicada às Ciências Sociais) na mão, já que era o que ia ter agora, e fechei o cadeado. A sala ficava apenas a uns metros dali. Decidi bater à porta implorando mentalmente para que o professor Horan ma abrisse. Parece que as minhas preces foram ouvidas porque trinta segundos depois a porta abriu-se. O professor parecia espantado ao ver-me ali o que resultou nele a olhar-me de cima abaixo pelo menos uma vez. Isso fez-me corar por achar que se calhar devia ter ficado à espera do toque, logo, baixei a cabeça envergonhada.

- Olá professor. Hum, eu não tinha nada para fazer por isso pensei que talvez pudesse entrar mais cedo. – Engoli em seco ao não ouvir nenhuma resposta. Olhei para cima e ele estava a sorrir para mim.

- Sim, claro que sim. Entra. – Abriu mais a porta e apontou com a mão para dentro da sala. Eu suspirei de alívio e entrei sentando-me na minha carteira. Pousei os livros e comecei a organizar o meu material. Senti dois olhos em cima de mim por isso olhei em frente vendo o Sr. Horan observar-me. – Estou contente por não teres chegado atrasada hoje.

- É, também eu. – Concordei.

- Como estás? – Ele encostou-se à sua secretária e cruzou os braços. Embora ele tivesse já os seus trinta e poucos anos tinha uma aparência jovem e impecável. Via-se que praticava desporto nos seus tempos livres e só o facto de ser professor de matemática tornava-o de uma maneira estranha ainda mais atraente para mim. As raparigas da nossa sala eram completamente apaixonadas por ele mas eu não era uma delas. Gostava dele como professor e sim, no ano passado, tínhamos uma boa relação de professor com aluna, mas esses tempos já iam longe dado que eu tinha mudado muito.

Distant » z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora