V

46 7 2
                                    

-Amor, você queria tanto assim que eu viesse? -Pergunto olhando nos olhos do Felipe, alguma coisa me dizia que aquilo não era verdade, ótima hora para confrontá-lo.

-Eu queria ir para sua casa, mas meu tio não quis deixar e disse que traria você aqui. -Ela fala me olhando depois de tirar a cabeça do meu ombro.

-Ah, então a história foi assim... -Digo curvando a cabeça para a direita, colocando-o no meu campo de visão enquanto analiso suas reações. -Tinha certeza que eu viria? -Perguntei ainda o olhando nos olhos.

-Faria o impossível, mas até que não foi tão difícil assim. -Ele diz me encarando, seus olhos brincam, ele realmente quer me irritar.
Já disse que eu odeio esse cara? Eu odeio ele! Odeio como fico diante dele! Odeio ele ser tão bonito/atraente/hipnotizante! Odeio a maneira como ele me subjuga! Odeio quando ele ri de mim! Odeio quando me toca! E definitivamente odeio quando ele quer me provocar. Acho que odiei tanto ele agora que fiquei vermelha.

-Acho que se eu fosse um pouquinho mais difícil, você não teria me trago, afinal você tem cara que desiste logo! -Provoco. Eu também posso jogar! Mas a maneira hostil como ele me olha, me fez temer sua reação, ele suspira, olha pra a Ana e ali eu soube que se ela não estivesse ali essa história se prolongaria. Senti um certo temor, mas devolvo seu olhar hostil.

-Por ora, vamos jantar, que eu estou faminto! - Aquele olhar me perturba com a seguinte questão: havia duplo sentido naquela afirmação ou foi só uma suposição equivocada de minha parte?

Definitivamente não sofro de baixa autoestima, sou confiante até demais e se o Felipe pensa que eu vou cair no joguinho de sedução dele, vou mostrar que ele está completamente enganado com o tipo de mulher que sou, e que abertura nenhuma para qualquer tipo de aventura havia da minha parte. Sempre me ensinaram que a palavra final era da mulher, que quem diz não é ela e quem diz sim também, mas pra dizer sim o cara tem que merecer, e muito. Porém não direi sim nunca para o Felipe e isso não se trata de um jogo. Isso é a minha promessa! E nunca a quebrarei! 

Não vou negar que o cara possui uma beleza quase mitológica e uma aura de magnetismo e sexualidade envolventes, muito provavelmente ele conhecia melhor que ninguém seus próprios atributos e devia usar isso para conseguir tudo o que quisesse, afinal como dizem a beleza abre portas, se tiver dinheiro então como era o caso daquela família me faz supor que ele era o famoso: "tem o mundo aos seus pés" e homens assim costumam brincar com sentimentos principalmente de pessoas que não tiveram a mesma sorte de nascer tão afortunado. Não é que eu o esteja subestimando ou cheia de preconceitos, mas há leituras que fazemos automaticamente principalmente quando sentimos que estamos em perigo, e perto daquele homem todo o meu corpo gritava: foge, perigo!

-Eu não quero comer. -Diz a Ana no meu colo.

-Ah você vai sim! -Diz ele, com um tom autoritário.

-Não, não vou! -ela grita chorando.

-Ana você pode me mostrar onde vou dormir? -pergunto à Ana ignorando o Felipe completamente.

-Mas eu já disse que estou com fome! -Resmunga

-Pois vá comer você! Depois eu vou.

-E a Ana? -Ele se exaspera

-Pra isso que eu vim, não foi?!. -respondo de leve e dou uma piscadinha, subindo as escadas com a Ana no meu colo.

-Agora amor, você pode me dizer onde eu vou ficar? -Pergunto num sussurro.

-Naquele quarto. -O Felipe responde atrás de mim, com um dedo longo apontando para a segunda porta à direita, passando por cima do meu ombro. Era de se supor que uma casa tão grande tivesse muitos quartos. Eram portas de ambos os lados à vista da escada.

A PROMESSAOnde histórias criam vida. Descubra agora