VIII

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Brincamos de pique e pega, a Ana tadinha toda hora era pega, a Cristina, não perdia a oportunidade de correr para pegar o Felipe, parece até que só tinha ele na brincadeira, quando ela se cansava pegava a Ana, o Felipe deixava sempre a Ana o pegar, depois que fazia ela correr um pouco claro, ele sempre vinha me pegar, e juro que sinto medo dessa brincadeira, desde criança, minha mente entende como perigo, o fato de alguém correr atrás de mim e eu corria muito, mas volta e meia ele me pegava, ou melhor me puxava e me apertava contra si, isso me dava calafrios, eu pegava a todos, menos ao Felipe, eu corria bem, mas não conhecia o terreno e tinha medo de tropeçar e cair.
Quando cansamos o Felipe subiu no pé de coco, com uns panos amarrados aos pés e as mãos, ele escalou mais ou menos oito metros, fiquei com muito medo que ele caísse. Ele chegou ao topo e jogou dez cocos para nós, ninguém se arriscava a pegar, pelo contrário, corríamos para o mais distante possível, depois desceu devagar e juntou todos os cocos na toalha forrada, pegou um abridor próprio e começou a perfurá-los.

-Veio preparado hein? -pergunto surpresa ao ver as coisas que ele trouxe próprias para subir ao pé de coco e o perfurador.

-Sempre. -me olha no fundo dos olhos, responde como uma ameaça velada e isso me tira o ar.

Ele dá um côco para cada uma das meninas, a Cristina vai atender ao celular longe da gente, na Hilux do Felipe era instalada uma antena, para dar sinal ao celular quando estivesse cinco metros próximos.

-Acho que ela gosta de você. -digo quando ele me passa o côco. Ele fita meus olhos por um instante como se estivesse pensando.

-Fazer o que neh?! Sou assim irresistível. -responde se gabando, com um sorrisão no rosto.

-Mas se acha mesmo neh?! Você nem é tão bonito assim. -respondo séria. O que o faz parar de sorrir.

-Mas tia você disse que ser tão bonito deveria ser um crime. -ah bocuda.

-Ana! O que falamos entre mulheres, fica entre mulheres. -mas que safadinha me entregou! Bocudinha! Eu estou igual a um tomate de tão envergonhada.

-Ela disse isso quando Ana? -ele pergunta com um sorriso e um brilho maldoso nos olhos. Ela me olha sem jeito como se me perguntasse se podia falar. Fecho a cara e ela fica quieta.

-Tarde interessante! Devo reconhecer que já fui elogiado várias vezes, mas esse foi único! Adorei! -diz divertido.

-Haha. -digo com um falso humor, mas cheia de vergonha. -Realmente tarde interessante, aprendi uma lição: não diga nada à crianças!

-Desculpa tia.

A Ana faz biquinho e me lembro que o dia de hoje deveria ser especial pra ela, daqui a pouco vou embora e preciso saber que ela está bem.

-Amor, está desculpada. -cochicho no ouvido dela: -O melhor de ser mulher é que nós não contamos nada aos homens. É segredo, só nosso. Fecha aqui. -faço sinal de cumplicidade e ela imita dando um sorriso lindo. A abraço, feliz porque contornei a situação e não a deixei triste, e me sentindo chateada por ela ter dito ao Felipe o que penso dele. Não vou nem poder esnobar de mentira agora, fui descoberta!
A tarde começa a sumir, dando lugar a um céu ameno e um clima fresco, pois as àrvores agora balançam mais fortes.

-Cristina, vamos nadar mais um pouquinho, daqui a pouco vai ficar de noite.

-Ah Ana estou sentindo frio já.

-Leve-a Cristina, ela está feliz quero que continue assim. -diz o Felipe.

Ela reluta olhando para nós dois como se não quisesse nos deixar, mas obedece.
Assim que elas entram no rio, o Felipe deita a cabeça no meu colo, me sinto deslocada, mas não o afasto. Minhas mãos permanecem apoiadas ao chão.

A PROMESSAOnde histórias criam vida. Descubra agora