Chego em casa em uma tremenda correria, ligo para a moça que faz a faxina e pergunto da sua disponibilidade de duas vezes na semana já que receberei visitas, inclusive se ela pode ir hoje na parte da tarde dar uma geral, ela confirma, chegará por volta de uma hora.
O Felipe pensou muito bem, temos que comer fora, não teríamos tempo mesmo de preparar nada. E quem vai reclamar de uma cozinheira de prontidão e um cartão ilimitado? Não eu!!
Ás onze e meia em ponto ouço um carro estacionar, imagino certo ser o carro dos Netrurg. Agora, que vejo a Cristina descer do carro penso em como será nossa convivência, essa pirralha já deixou bem claro que não gosta de mim. Se bem que, talvez a presença do Felipe fomente esse temperamento.-Senhorita, o sr. Netrurg me deixou para ficar a disposição das meninas, seguir suas ordens e me incubiu de lhe entregar isso. -Disse o Roberto me entregando o cartão.
-Obrigada Roberto. A garagem caberá espaçosamente nossos carros, gostaria que após o almoço levasse a sra. que cozinha, qual seu nome mesmo por favor? -Disse olhando para aquela pequena figura simpática de cabelos curtos e profissionalmente uniformizada.
-Mariane. -Disse tímida mas firme.
-O meu é Jhúlia. Prazer. Sinta-se a vontade em minha casa. Teremos que fazer compras. Quer dizer, gostaria que a senhora fosse com o Roberto.
-O prazer é meu. Precisamos fazer uma lista.
-Faremos. Roberto por favor leve-nos ao restaurante próximo ao Mercado Municipal. Gosto muito da comida de lá e acredito que atenderão aos gostos de vocês. O cardápio é bem variado.
-Sim. Só me diz srta. onde devo guardar essas malas.
-Ah claro. Vamos lá. -Não eram poucas as bolsas e malas, mas, esperar que a Ana e a Cristina, sempre bem vestidas, fossem desprendidas de bens materiais, seria querer demais.
Almoçamos, a Ana comeu muito bem, paguei com o cartão do Felipe, voltamos logo para casa.
Já em casa enquanto a cristina preparava a Ana para a escola, eu fiz a lista de compras com a Mariane, conversamos sobre meus gostos e o paladar dos outros ela já conhecia. Assim que preparasse o lanche, jantar e suco ela limparia a cozinha e voltaria a fazenda. Só nos veríamos pela hora do almoço. Expliquei a ela sobre a diarista que viria na parte da tarde e poderia orientá-la com qualquer dúvida. A Cristina se ocuparia da arrumação do quarto e manutenção das coisas da Ana, além de tomar conta durante a manhã e nos dias em que eu estivesse na faculdade a noite.
Passei à ela o cartão, confiando na sua idoneidade, já que o cartão não era meu, e também que ela faria um bom trabalho. Ela me explicou que estava com os Netrurg desde muito nova e que sua filha, a que eu vi na mansão também estava estudando gastronomia para seguir o mesmo caminho.
Com muita pressa tomei banho e arrumei o material de aula. Ás doze e quarenta e cinco estávamos no carro. A Ana por que iria estudar, eu trabalhar e a Mariane por que faria as compras com o Roberto. A Cristina ficou arrumando as coisas dela e da Ana no guarda-roupas do quarto de hóspedes.
Mandei uma mensagem ao Felipe:Chegando na escola com a Ana, por aqui tudo bem, estamos nos organizando com as coisas, acho que dará tudo certo.
Fomos para a sala, a Ana teria acompanhamento com a psicóloga e eu fui para minha sala.
Como suposto anteriormente, as perguntas sobre vida, morte e muitas opniões estavam ali, algumas parecidas, iguais ou totalmente adversas. A carol me ajudou passando a atividade no quadro enquanto eu chamava um por um na minha mesa para uma conversa individual que se baseava em me conte o que seus pais falaram, não existe meio certo ou errado e quando você for bem grande vai decidir no que acredita. Nós adultos sempre complicamos as coisas e você não tem porquê se preocupar com isso agora.
Eu particularmente creio em Deus e nas coisas que a bíblia ensina, assim fui criada, mas não vou abrir uma discursão dessas, a minha opnião não interessa e eu não posso fazer esse tipo de interferência.
Assunto encerrado cada um entendeu que deve seguir as crenças de sua família até entender a complexidade do mundo, ainda bem que a Ana não estava presente, esses assuntos não são indicados para o momento em que ela está vivendo.
As primeiras duas aulas seguiram assim.
A Ana só voltou quase na hora do recreio a psicóloga me informou que ela estava muito fechada e precisou mudar a abordagem algumas vezes porque ela nem pintar queria. Depois de um tempo ela se acostuma com o espaço e com ela. O dia foi longo.
O Roberto veio nos buscar por volta das seis, a Ana ficou comigo até que saíssem todas as crianças e eu conversasse com dois ou três pais.
Estava faminta e com uma agitação interior que eu não entendia. Sentadas no banco de tráz, olhei no celular o que havia de novo. E eram muitas, muitas chamadas perdidas de um número não salvo mas que eu reconhecia muito bem. Não iria retornar. Ao chegarmos em casa um carro estava estacionado, não o conhecia mas desci apreensiva.
Entramos, e uma visita que não gostaria de rever, não agora, não nessa vida, estava ali, me analisando, brancamente pálida, cabelos pintados de preto em uma tentativa frustrada de esconder os fios brancos, sua roupa preta quase beata, uma bolsa cor de pele assentada sobre o colo e uma postura rígida, nem de longe lembrava aquela senhora feliz, orgulhosa e que me tratava com carinho.
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A PROMESSA
RomanceSe você gosta de romances onde a mocinha precisa do príncipe encantado, protetor, que chega salvando a situação crítica em que ela vive, esse romance definitivamente não é para você. Mas... Se você gosta de mulheres independentes, fortes, que busca...