XVI

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Tudo o que ela dizia era verdade, mas até certo ponto. Será que o Felipe me achará incapaz de ficar com a Ana? Como falar, articular alguma desculpa e me defender? Ela estava com a razão.

-Calma aí, a Jhúlia é a pessoa mais responsável que conheço. Você não tem idéia de quem ela é e das coisas que ela faz pelos outros. -Afirmou o Rafa com propriedade em minha defesa.

-Talvez seja culpa, afinal, a senhora disse que ela era uma assassina, fora a quantidade de vezes que a chamou de vagabunda. E seu nome também rolou na conversa, afinal o que vocês têm?

-Acho que para quem não ouviu nada, você deve saber ler lábios muito bem. -Retruquei

-Somos amigos, a Jhúlia é doce, meiga, responsável e carrega muitas coisas nas costas, inclusive uma culpa que não é sua.

-Rafael... -Alertei-o

-Você não a conhece, não sei qual seu problema com ela, mas se a conhecesse como eu conheço teria orgulho de fazer parte da vida dela.

-Tive medo do que vi e ouvi aqui hoje. Tenho coisas a fazer. Com licença.

Ela deu nos calcanhares com a Ana pela mão e eu fiquei ali pensando no meu comportamento. Deixei que as sombras do passado me tomassem de tal forma que esqueci do momento presente. Talvez a Cristina tenha razão e eu não sou tão responsável como quero ser. Talvez por isso tenho necessidade de estar ocupada a todo tempo.

-Jhú, olha pra mim. -Levantei minha cabeça o olhando mas fiz sinal para que se calasse.

-Rafa talvez ela tenha mesmo razão e eu não seja tão responsável quanto quero. Mas deixa isso pra lá. Quero muito agradecer por estar aqui. Não sei o que teria acontecido. -Meus olhos marejaram.

-Você pode dispôr sempre.

-Eu te amo. -Declarei sussurrando dessa vez com as lágrimas já rolando.

-Eu também. Tive um pressentimento horrível quando vi dona Lúcia saindo daqui. O que aconteceu?

-Tudo! -Organizo os pensamentos para começar. -Ela viu o vídeo.

-O vídeo... também vim aqui por causa dele.

-Imaginei. Mas não te devo satisfações. -Falei com sinceridade, tentando não ser grossa.

-Você sabe que mentiu pra mim, não é?

-Não. Eu omiti. Realmente não havia pego no celular e realmente cheguei tarde da casa do Arthur. Fui surpreendida com a presença do Felipe quando cheguei, não achei necessário comentar sobre isso. Sei exatamente sobre o que você quer saber, e já que comecei a falar, conversamos e dormimos, exatamente assim, ele precisava falar comigo e estávamos exaustos. -Ele soltou a respiração, quase que como em sinal de alívio quando ouviu minha explicação. Se eu estivesse em meu perfeito juízo agora pensaria em por qual motivo Rafael tem mostrado tanto interesse em minha situação com o Felipe, mas talvez seja só preocupação mesmo.

-E o que ela queria? -Ele abanou a cabeça como se afastasse algum pensamento e mudou o rumo a conversa.

-Me ofender, bater em mim... -As lágrimas voltaram.

-Ela te bateu?

-Sim acredita nisso?!

-Você deixou?!

-Fui pega de surpresa e você queria o que também que eu batesse em uma velha?!

-Não. Quer dizer nesse caso, acho que sim. O que mais ela disse, e o que ela falou de mim?

-Que te deixei porquê achei alguém mais rico! -Tive que rir, mas ele não achou graça. -Que eu estava sendo a vagabunda que sempre fui... que nunca permitiria que fosse feliz e que sou a culpada... -Fui interrompida.

A PROMESSAOnde histórias criam vida. Descubra agora