VI

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-Eu sei o que acontece quando uma mulher ama sr. Netrurg! -o interrompo raivosamente, preciso quebrar esse clima sensual que ele instalou.

-Jura?! -Ele pergunta. Eu vou matar esse cara! -Pensei que fosse virgem. Mas se não é, então é mau amada!

Dei lhe um tapa que ressoou a casa inteira.

-Minha vida amorosa, não é da sua conta! Nunca mais me diga o que pensa! não me interessa! Porque eu daria créditos a um otário?! -Digo pausadamente e com muita raiva.

Ele se afasta calado e eu subo as escadas correndo. Definitivamente não vou descer para falar com ele, queria conversar sobre a abordagem que ele deveria ter com a Ana, mas hoje eu não quero vê-lo. Entro, tomo um banho gelado, coloco um pijama de algodão, e vou dar uma olhada na Ana, ela abre os olhinhos pra mim

-Tia, não consigo dormir. -deito do seu lado de conchinha.

-Xiii, fica quietinha, que eu vou dormir com você. -falo com amor a abraçando.

Ela fica quietinha e eu apaguei .

Tenho sonhos ruins, ele me chama de algum lugar escuro, mas eu quero vê-lo, quero encontrá-lo. Acordei toda suada, dei uma olhada na Ana, ela ainda dormia como um anjo, Graças a Deus não a acordei!

Vou para o "meu" quarto, pego a bolsa do Notebook e desço para a cozinha, na segunda parte dela tinha somente uma mesa de 6 cadeiras, onde provavelmente os empregados faziam suas refeições próximo aos armários, fogão e geladeira. Vejo uma cafeteira, ótimo será muito bom permanecer acordada, preciso terminar minha tese para entregar antes da segunda e não quero voltar a dormir. Esses pesadelos haviam sumido. Por que voltaram?

Estou totalmente distraída colocando o pó na cafeteira, achei tudo em um balcão. Quando me volto para abrir meu Notebook, dou de cara com o Felipe diante de mim, braços cruzados ao peito, me olhando de maneira indecifrável, a luz estava baixa, pois só acendi a luz do exaustor.

-Café a essa hora?

-Tem hora pra tomar café?

-Bom durante a noite as pessoas tomam chá, pra relaxar, dormir.. -quando ele diz dormir, acho que eu tenho um calafrio, ele estreita os olhos sutilmente, e eu me encolho, cruzando os braços em sinal de defesa.

-Acho que sou diferente das pessoas, e sou movida a cafeína. Como te disse tenho muito trabalho a fazer e amanhã quero aproveitar o dia com a Ana.

Ele balança a cabeça concordando, a cafeteira começa a passar o café. Sento, abro o Notebook, indo direto aos arquivos da minha tese, preciso terminar o quanto antes, abro os dados da pesquisa que fiz, para começar a encaixá-la. Escolhi o tema : As influências de um bom convívio familiar. Sou conselheira na parte da manhã, no Conselho Tutelar da cidade e com isso vejo muitas situações domésticas que me deixam perplexa, mas fazer este trabalho me dá a chance de ajudar muitas crianças, por isso organizo muitas ações para amenizar a situação dessas famílias. Coordeno um programa extensivo de doação de roupas, livros e cesta básica, muitas pessoas me ajudam, e agora a ajuda do casal Netrurg fará falta, programa de médicos e dentistas que atuam de maneira preventiva, programa das crianças na escola com ajuda de professores capacitados para aqueles que possuem dificuldades de aprendizagem e um de empregos, que dá excelentes opções de contratação, depois de entrevistas e avaliações.
O interessante é que depois que começam a trabalhar, ambos começam a estudar para ter a chance de subir de cargo e aumentar o salário, sou muito feliz com tudo que este projeto conquistou, Rafael e eu trabalhamos duro por isso, as palestras semanais acompanhadas de lanche estão cada vez mais lotadas e percebo uma maior participação das famílias.

Alguma coisa me faz olhar para a frente e vejo Felipe vidrado em mim na cadeira em frente.

-Que foi? -pergunto parando de digitar.

A PROMESSAOnde histórias criam vida. Descubra agora