Agosto, 2015.

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Lauren olhou pela janela da pequena sala do seu apartamento para acompanhar o movimento das pessoas entrando e saindo do café e livraria no edifício do outro lado da rua.

O sol da manhã costurava por entre os prédios e brilhava aqui e ali ditando o clima quente do verão, o que para muitos era incomodo, para Lauren, nascida e criada em Miami, era adorável.

Viu quando uma senhora saiu do café segurando uma sacola abarrotada de livros e esbarrou em um jovem, que corria desesperado. O rapaz não parou para ajuda-la, seguiu sua maratona contra o tempo, e a mulher indignada lhe mostrou o dedo do meio com gosto.

A garota riu com a cena, existe algo mais engraçado que os impropérios da vida? Droga, ela realmente gostava de morar nesse lugar, onde mais poderia olhar pela janela às sete da manhã e vê aquele tipo de cena? O lugar era pequeno é verdade, isso porque, com a vida de estudante que levava até dois anos atrás não havia como pagar muito mais do que os três cômodos.

O fato é que ela gostava de morar ali, aquele lugar havia a acompanhado desde o início e agora ela teria que se mudar. As caixas empilhadas pela casa denunciavam. Quer dizer, não era obrigada a se mudar, mas já há algum tempo ela era diretora administrativa de uma das maiores redes de hotéis do país. Sim, aconteceu rápido a sua ascensão dentro da companhia, a vida na Big Apple é rápida, principalmente se você tem tempo para se dedicar ao seu emprego, o que era o caso.

No fim das contas não havia mais cabimento ela morar num quarto e sala de um dos prédios mais velhos da 7th street do East Village. Então, logo ela estaria se mudando para um residencial no Upper West Side, preferiu um lugar não muito luxuoso, mas certamente era bem maior que o atual.

De qualquer forma, naquela manhã Lauren olhou pela janela e se praguejou por ter tomado aquela atitude. Ela odiava mudanças.

No caminho para o trabalho passou no seu café preferido e pediu um expresso pra viagem, como todos os dias. A matriz da rede de hotéis era próxima a NYU e ela gastava um total de 20 minutos de caminhada para chegar lá. Ir caminhando para o trabalho pode ser considerado uma benção levando em conta o trânsito da cidade.

Lauren sentiu seu celular vibrar no bolso da calça, um pouco antes de abrir a porta da sua sala, no vigésimo andar do edifício. Olhou no visor para o nome Dinah piscando insistente. Estranhou o fato. Dinah a ligava com certa frequência, mas não às 7h40 da manhã. Atendeu preocupada.

- Alô DJ!

- Hey Laur! Tudo bem com você?

- Eu é que pergunto! Tudo bem com você? Caiu da cama foi?

- Engraçadinha! Eu sou uma pessoa que tem um estúdio de dança para tocar desde as 7h da manhã querida - Dinah fingiu uma irritação, que obviamente não existia.

- Opa! Então estou falando com uma funcionária exemplar aqui.

- Você tá bem Laur? - Voltou a questionar mudando de assunto.

- Estou sim DJ! E você? Aconteceu alguma coisa para me ligar tão cedo?

- Mais ou menos - Havia receio em sua voz - Você pode conversar ou está muito ocupada no momento?

- Você está me preocupando DJ, aconteceu alguma coisa com..

- Não, não - Dinah interrompeu de imediato - Eu só preciso conversar com você sobre uma coisa, e eu acho que pode ser um assunto demorado. Vai depender de você na verdade.

- Eu tenho tempo Dinah, pode falar - Lauren respondeu simples.

- Então tá, eu vou direto ao ponto que é pra gente encurtar o drama. Seguinte, você lembra há seis anos quando passamos as férias na casa de campo do Troy, certo? - Dinah não esperou a resposta, porque evidentemente Lauren lembrava - A gente escreveu aquelas cartas todos juntos e supostamente deveríamos abri-las em dez anos, o que pelas minhas contas ainda faltam quatro - Um calafrio percorreu a cervical de Lauren, o tremor se agravou quando Dinah mencionou as tais cartas - No entanto, aconteceram esses problemas todos e a gente vai precisar adiantar a tal abertura das cartas.

Time After TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora