Agosto, 2015. II.

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Agosto, 2015.

E agora Lauren?

A pergunta ecoou mais uma vez dentro da cabeça de Lauren. Seu estômago revirou. Jake parado a sua frente naquela cadeira e tudo que Lauren podia pensar era que ela iria vomitar. Talvez seu estado fosse perceptível a todos, estava pálida, a boca seca e os olhos vidrados no homem a sua frente.

Segundos de silêncio que se arrastaram eternos.

- Oi Jake – Dinah pulou em sua frente, como se pressentindo que Lauren iria desabar a qualquer momento, depositou um beijo no rosto do rapaz, que não desviou os olhos frios de Lauren. – Como você está? A viagem até aqui foi tranquila? – Direcionou a última pergunta para Camila.

Camila manejou um sim com a cabeça para Dinah e a sala voltou ao silêncio, apenas o barulho da chuva do lado de fora se fazia audível.

Todos os presentes estavam desconfortáveis com o embate de olhares. De um lado um Jake inquisidor do outro uma Lauren acuada.

Lauren não saberia o que falar, nem que quisesse muito, o que ela diria? "Oi Jake, desculpa não ter aparecido quando você estava quase morrendo em uma cama de hospital?" Ou talvez "Oi Jake. Desculpa ter desaparecido durante, praticamente, o pior ano da sua vida. Como você está amigão?". A verdade é que nada do que Lauren dissesse poderia desfazer o gelo nos olhos de Jake, porque ele tinha todo o direito de senti-lo.

Por fim Camila resolveu acabar com aquele momento de agonia.

- Vamos para dentro Jake – Disse se aproximando da cadeira de rodas e começando a empurra-la em direção ao corredor dos quartos. – Você está todo molhado, precisa trocar de roupa.

Ally rapidamente voltou à mesa do jantar seguida por Dinah e Normani. Troy foi para o banheiro provavelmente se secar também. Lauren permaneceu imóvel onde encarou o imenso vazio ao seu redor. Vazio como a sua vida, pensou.

No fundo ela sabia que não haveria maneiras daquele encontro acontecer de alguma forma melhor. Praguejou-se por ter deixado Dinah a convencer de voltar àquela maldita casa e caminhou em silêncio para ao seu quarto.

Deitou de costas na cama e encarou o teto. O que doía mais não era a sensação de não pertencimento a aquele lugar, não era se sentir uma estranha na vida de seus amigos, não era a raiva de Ally, ou a frieza de Jake, o que doía mais, mesmo depois de tanto tempo, era a indiferença de Camila.

Depois de tanto tempo Camila ainda era capaz de lhe atingir.

A lembrança dos olhos indecifráveis, com os quais a latina a encarou na sala momentos atrás, pulou em sua mente. Não havia nada ali, não havia nenhum sinal de desprezo, por mais que Lauren soubesse que Camila a desprezasse, não havia perdão, não havia, nem se quer, dor ou lástima.

Inatingível, pensou Lauren, depois de tudo Camila havia se tornado algo inatingível. Concluiu que era o que merecia, ela não merecia nenhum sentimento de Camila, nem os ruins. O pensamento a fez se recompor, levantou e impediu as lágrimas que pretendiam lhe escapar pelos olhos.

Pensou em levantar e voltar para a sala, mas a ideia de permanecer no mesmo ambiente que Ally a fez se jogar na cama novamente, permaneceu ali olhando para o teto sobre si.

Lauren queria descobrir em que momento exatamente sua vida chegou ao ponto em que se encontrava. Em que momento ela perdeu seus amigos? Em que momento se tornou uma pessoa que abandona os outros? Quer dizer, ela sabia o momento em que tudo havia acontecido faticamente, porque era impossível não se lembrar, mas a verdade é que muito antes disso ela já não era mais a mesma Lauren.

Time After TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora