A escuridão e o frio me rodeavam. Não enxergava nada, não podia definir onde estava, só sentia meu corpo leve, vagando pelo desconhecido. Senti uma forte dor em meu peito que queimava e ao qual escorria um líquido quente, só poderia ser sangue, meu próprio sangue. Eu tinha certeza sobre isso, tão bem quanto sabia que aquele era meu fim. Meu corpo ficava cada vez mais pesado, mesmo estando flutuando, e o frio se intensificava. Os poucos resquício de vida que havia em meu ser, escorria de mim.
Dizem que a morte é calma, tranquila. É uma verdade inegável. Só que, omitiram a parte onde diz que ela é solitária, triste e deveras demorada. Estava feliz por parti no lugar de alguém inocente, alguém que não tinha culpa dos atos de meu parente egoísta e ganancioso, capaz de qualquer coisa por mais poder. Contudo, ali, acompanhada da solidão que aquela escuridão me proporcionava, era demais, sufocante.
Foi então que a minha última chance chegou, rodeada por uma forte luz branca, que emanava de um lugar que, devido sua intensidade ofuscante, meus olhos não puderam enxergar. A luz era quente, acolhedora, trazia uma sensação nostálgica de paz. A dor em meu peito cessou e pude sentir minha carne se reconstruindo encima do ferimento que outrora me usurpava a vida. Um misto de sensações me cercou. Aquela não seria minha hora, não ali.
Duas sombra cobriram um pouco da luz, e mesmo assim ainda não pude ver muita coisa, nem mesmo suas faces. Mas, mesmo diante daquela situação, não senti medo deles. Era estranho, mas algo em meu ser me disse que eu os conhecia a muito, como se fossem velhos amigos de infância.
—Alegra-te doce anjo! — o primeiro falou, sua voz era suave aos ouvidos —Ganhaste uma nova chance, a possibilidade de uma vida onde o impossível torna-se-á possível!
—Foste escolhida dentre muitos mortais para tornar-se um ser de grande importância e grandes capacidades, tendo em mãos enormes responsabilidades. — o segundo falou, sua voz era um pouco mais grave que a do primeiro, mas ainda sim era suave.
—Seu velho eu morrer aqui, neste espaço vazio, e sua essência transcenderá a uma nova existência.
Eu apenas os ouvia falar, sem conseguir processar palavras dignas ao tamanho de minhas dúvidas. Dois pensamentos tive sobre minha situação: a morte ou me tornou esperançosa demais por uma outra oportunidade de recomeçar minha vida do zero, ou me deixou presa em um mundo caótico e fantasiado por minha mente jazida. Considerar aquilo que acontecia ali era surreal demais para mim. Já havia suportado coisas demais, vivido demais uma vida sofrida para ainda acreditar em ter esperanças em algo. Pra mim, era muito mais fácil acreditar que minha razão já havia partido e que estava fantasiando coisas absurdas.
—Aproveite este presente com sabedoria, querida Angel.
A voz grave foi a ultima a proferir palavras, antes da luz se tornar mais intensa do que antas. Perdi meus sentidos completamente, onde a escuridão tornou a reinar.
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A Origem dos Guardiões - Livro I (Em Revisão)
FanfictionKatherine Nightray era uma jovem comum, até o dia em que uma tragédia ceifa a sua vida. Contudo, a Lua consedeu a Katherine uma nova vida, uma nova chance, um novo nome. Com sua nova vida, novas responsabilidades surgiram, maiores do que sua própria...