Eu estava feliz em rever meu amigo, tamanha que tal felicidade transcendeu por meus olhos como lágrimas. Sim, ele estava vivo, a prova de que nosso plano deu certo. Confesso que cheguei a temer o progresso do plano, que não passaria apenas de uma fantasia minha. Mas ele estava ali, tão forte quanto antes. Sua "morte" pareceu não passar de um simples pesadelo. E eu só queria abraçar meu amigo, mas a dor latejando em minhas costas me puxou para a realidade e eu choraminguei o mais baixo que pude.
-Ah Angel, sua asa! - Sandman correu para cobrir o corte com sua areia dourada -Me perdoe por chegar tão tarde. - seu maxilar trincou.
-A culpa não foi sua. - suspirei aliviada ao ver a dor abrandar -Um pedaço de minha asa é um sacrifício bem singelo perto de perder qualquer um de vocês. - sorri, o que fez Sand derramar uma rápida e solitária lágrima.
Com muita dificuldade, me concentrei para esconder minhas asas e o sangue que cobria minhas vestes. Não queria que as crianças se assustassem. O pedaço caído ao chão permaneceu como estava, assim como o sangue que cobria a neve abaixo de mim. Rapidamente joguei neve em tudo ao perceber que os demais vinham até nós. Jack se ajoelhou ao meu lado e me ajudou, o que tornou o processo mais rápido.
-Irei distrai-los. - Jack comprimiu os lábios em uma linha fina, se reprovando pelo que faria.
-Eu estou bem, não se preocupe. - não menti, estava bem melhor, a dor amenizara uns 90%, eu iria sobreviver aquilo -Apenas se divirta.
Jack se levantou e levou uma singela quantidade de neve consigo. Apertando bem com as mãos, ele fez uma bola de neve e sussurrou algumas palavras para ela. Em posição de arremessador, pegando todo o impulso do ato, Jack lançou a bola, que passou reto pelo grupo que se aproximava. A bola fez uma curva rápida e retornou ao grupo e, antes de chegar a eles, se dividiu na quantidade certa das crianças e as atingiram.
O que se sucedeu fora uma divertida guerra de bola de neve. As crianças riam e jogavam neve umas nas outras. O guardião do inverno sorriu, feliz com o resultado que provocará, esse era seu espirito guardião. Jack pode ter demorado para perceber o que era aquela sensação, mas ele sempre fora um de nós, mesmo se negando fortemente a acreditar.
-Então esse é o seu cerne! - papai afirmou, com um sorriso gentil a Jack, um sorriso que deixou claro o seu pedido de desculpas.
-É, demorou um pouco e até precisei de uma certa ajudinha, mas eu finalmente descobri qual é.
Jack me olhou e em seu olhar pude sentir transbordar toda a gratidão que ele sentia por eu não ter desistido dele, quando todos os outros o fizeram. Foi então que papai me notara e senti que seu olhar penetrou fundo em minha alma. Eu queria ser forte, eu queria demonstrar que não doía. Mas aquele olhar paterno me destruiu, ele despertara a criança frágil dentro de meu ser. Então eu desabei e libertei toda a dor presa dentro mim com um grito sofrido. Me vi perder o controle.
-Ah Angel, sua asa! - Tooth pos as mãos sobre a boca, as lágrimas ja formavam caminhos por sua face.
-Não... - o maxilar de Easter trincou e ele fora incapaz de completar sua frase.
Minhas asas estavam expostas, e isso só ajudou a ampliar meu desespero. As crianças iriam presenciar uma cena traumática e eu não queria, mas não consegui controlar aquela onda avassaladora de sofrimento.
-Por favor, não! Tudo menos isso. - supliquei, sem alguem em mente, apenas supliquei com todo meu coração que alguem me socorresse daquela situação.
Foi então que o tempo pareceu parar ao meu redor. Uma forte energia me rodeou e cobriu todo espaço com um vasto branco. Fui transportada para outro lugar, mas eu não estava sozinha. Diante de mim estava um homem, trajando um elegante terno prateado cintilante. Sua pele alva, seus longos fios prateados, seu penetrante olhas banhado em prata pura, sua boca avermelhada que sustentava um sorriso de dentes alvos como a neve, exatamente tudo nele me era familiar. Não tive medo daquele diante de mim, só conseguia admira-lo. Eu sabia quem ere ela.
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A Origem dos Guardiões - Livro I (Em Revisão)
FanfictionKatherine Nightray era uma jovem comum, até o dia em que uma tragédia ceifa a sua vida. Contudo, a Lua consedeu a Katherine uma nova vida, uma nova chance, um novo nome. Com sua nova vida, novas responsabilidades surgiram, maiores do que sua própria...