10 - Contra-Ataque

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Tooth nos levou até o nível mais baixo do Palácio das Fadas, onde ficava uma espécie de santuário. O local era preenchido por um lago bem raso, que cercava uma porção de terra ao centro. Um enorme monumento de pedra estava fixado sobre a pequena porção de terra ao qual estava repleto de imagens e símbolos. Naquela pedra estava cravada toda a lenda sobre a Fada do Dente e suas pequenas ajudantes. Tooth ficou próxima ao monumento, perdida em suas lembranças. Fiquei próximo a ela, pronta para lhe dar qualquer suporte. Jack se afastou dos demais, que discutiam afim de encontrar alguma solução para o que acontecia com Tooth e sua existência ameaçada, e se aproximou de nós duas, observando-me com um semblante preocupado.

—Vocês tinham que tê-las visto. — Tooth quebrou seu silêncio sem virar para nós —Elas resistiram o quanto puderam. — mesmo triste, o orgulho podia ser notado em sua voz.

—Eu sei que é pouco, mas te prometo que vou traze-las de volta pra você Tooth, de qualquer maneira. — encarei o monumento de pedra, fechando meus punhos com força.

Sentia raiva de mim mesmo por não ter sido uma boa líder e ter percebido os planos de Breu mais cedo. Se eu fosse tão competente assim, minha amiga não estaria passando por tudo aquilo. Tooth me despertou de meu transe com um singelo toque em minha mão, ao qual percebi que sangrava. Minha amiga removeu um lenço rosa do bolso de sua saia e gentilmente limpou minha ferida. Seu semblante não era mais de tristeza, e sim de preocupada, preocupada comigo e minha reação.

—Angel, eu acredito em você e sei que cumprirá com essa promessa. — Tooth me encarou, olhos nos olhos —Então pare de se culpar ai dentro. — ela cutucou minha cabeça —Te conheço e sei bem o que se passa ai dentro. Você é uma ótima líder, nunca nos decepcionou, nunca faltou com suas palavras e promessas. Então foco, precisamos de você com 100% do seu potencial.

—É, você está certa. — fechei os olhos e respirei fundo, controlando minhas emoções —Obrigada, minha irmã. — sorri-lhe.

Tooth sorriu em resposta. Sua aparência parecia melhor, mas eu sabia que ela estava escondendo parte de seus sentimentos. Eu conhecia cada um de meus companheiros bem, eles eram um livro aberto para mim, mesmo quando tentavam esconder-me coisas. Passei anos ao lados deles, então sabia bem quando eles não queriam me sobrecarregar com seus problemas. Jack pigarreou, chamando nossa atenção. O rapaz possuia algo que o incomodava a um tempo, disso eu sabia, só não tinha certeza do que poderia ser.

—Então, se o objetivo do Bicho Papão é fazer com que não acreditem mais na Fada do dente, por que levar os dentes também? — Jack passou a analisar a gravura do monumento de pedra —Não vejo logica nisso.

—O importante não são os dentes Frozt, e sim as lembranças que eles carregam em sua essência. — Tooth respondeu-lhe, voltando também seu olhar para o monumento —É por isso que minhas fadinhas e eu os recolhemos. Eles contém as lembranças mais importantes da vida dos humanos. Nós tomamos conta de todas essas memórias preciosas e, quando alguém precisa relembrar, nós a ajudamos. — ela passou sua mão sobre a pintura —Tínhamos os dentes de todos, as lembranças até mesmo de nossas vidas. Isso inclui você também Jack.

—Minhas lembranças? Que lembranças?

—De antes de se tornar Jack Frozt, de quando você era humano. — Tooth pôs uma mão sobre o ombro de Jack —Você não se lembra?

—Impossível, eu nunca fui ninguém além de Jack Frozt. Ou fui? — Jack estava confuso.

Tinha me esquecido que Jack não possuía qualquer indício de lembranças de sua vida humana. Ali tive a prova que precisava para saber que Jack Frozt nunca soube o motivo pelo qual foste escolhido para renascer. Ficava claro porque o rapaz era tão avesso a se tornar um guardião.

A Origem dos Guardiões - Livro I (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora