Capítulo V

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- ... eu acho que estamos perto. A rainha disse...

Os olhos dela eram verde-oliva, mas às vezes eles mudavam para um tom mais escuro. A boca dela se movia graciosamente, seus lábios finos se moviam lentamente e levemente para o lado enquanto ela falava, e a sua risada era uma coisa meio estranha, mas contagiante.

Brava, ela franzia o cenho, sua voz se acentuando com as sobrancelhas quase juntas e os lábios contraídos. Quando o assunto lhe interessava, ela poderia ficar o dia inteiro falando daquilo, movendo suas mãos para todos os lados de forma empolgada, seus olhos brilhando intensamente e deus, como ela falava, chegava até me entediar. Mas era uma boa desculpa para observá-la. E quando ela realmente se soltava, Lauren tocava de vez em quando meu braço, de levinho, para chamar minha atenção. Meu coração apertava e eu não sabia por quê.

Eu me sentia diferente. Não alimentava mais aquela raiva e desejo de me livrar dela como antes. Ela havia mudado, também. Não estava mais aquele poço de má educação e ironia, apesar de ainda discutirmos de vez em quando. E... caramba, o quê...

- Camila? Princesa Camila Cabello? Está me ouvindo?

E ela me chamava de Camila agora.

- Na verdade, não. – ri, ajeitando-me na poltrona.

- O que houve? – perguntou, preocupada.

- Hum... eu não gosto de aviões. Se eu não durmo, eu tenho um troço.

- Certo, eu fico em silêncio, me desculpe. – Lauren passou as mãos no cabelo e se recostou na poltrona. 

- Não, não é você. – sentei para seu lado, incomodada com seu gesto. Suspirei, fechando os olhos. – Pode falar, mas eu não posso te garantir que eu vou ouvir.

- Certo. Você se animou com o garoto que eu irei te apresentar?

- Não, não. Chega desse assunto, Laur. Por favor, pelo menos aqui. – inclinei-me, fechando os olhos com mais força.

Lauren suspirou. Não pude ver sua expressão com seu novo apelido, mas ela não me repreendeu.

- E o amor? – murmurei, começando a ficar sonolenta.

- O amor se constrói com o tempo.

- Como se o amor fosse um prédio. – repliquei, olhando-a com os olhos semi cerrados.

Lauren deu um pequeno sorriso, balançando a cabeça negativamente ao meu olhar.

- Você não sente amor pela pessoa assim que a vê, princesa Camila. – ela disse, tranqüila. – É uma coisa que vai crescendo em você com a convivência ou pela forma como você se sente quando está por perto. Você sabe quando é amor, mesmo que demore. Não vem do nada.

Dei uma pequena risadinha, levantando a mão e puxando-a pelo ombro esquerdo. Trouxe-a para perto até que minha cabeça se acomodasse na junção do seu ombro com o pescoço. Ela pareceu meio hesitante, mas eu permaneci mesmo assim.

- Você fala, fala, mas eu só entendo uma ou duas palavras.

- Você não tem jeito.



x-x-x



- Camila. Camila Cabello, para, me solta. Mas o que é que está acontecendo aqui?!

Continuei marchando pelo jardim bem cuidado, a mão segura no pulso da conselheira. Meio às cegas devido à escuridão e por não conhecer o lugar direito, parei por um momento. Avistei uma casa de empregados, um pouco mais para frente. Continuei puxando-a até alcançarmos o casebre. 

Charmed |Camren|Onde histórias criam vida. Descubra agora