Capítulo XXIII

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Camila estava parada no começo da escadaria, os braços pendendo ao lado do corpo. Seus olhos estavam grandes e a boca entreaberta; o olhar machucado passando de mim para Brad e para mim novamente durante um bom tempo. Então, ela se virou bruscamente e entrou na mansão, batendo a porta refinada da entrada.

Ela tinha visto tudo.

Respirei fundo, ignorando os pensamentos culpados que brotavam em minha mente e acenei a cabeça positivamente, fixando novamente meu olhar no de Brad.

- Eu vou embora, você vai comigo? – sibilei baixinho.

- Eu acho que você deve pensar um pouco. Qualquer uma de suas respostas, a si mesmo e a mim, eu vou te apoiar, Lauren. – respondeu baixo, beijando o canto de minha boca e virando-se para pegar seu regador e caminhar lentamente pelo jardim.

Ali parada, eu pensei como tudo em minha vida era difícil e confuso. Eu poderia ser hétero, casar, ter filhos e ter uma vida maravilhosa, mas olha o que eu sou. Uma lésbica sozinha e estupidamente enganada pelo patético amor. Tão... digna.

Voltei a entrar na mansão tentando manter minha mente vazia por um tempo antes que ela explodisse. Esfreguei os indicadores em minha têmpora e suspirei ao entrar em meu antigo quarto. Não Lauren, sem pensamentos.

Parei no batente ao ver o que acontecia ali dentro.

Camila chutava a mesa de cabeceira e o quarto inteiro estava revirado: a cama havia sido empurrada, o cobertor enrolado, um dos travesseiros rasgado e jogado no chão. O telefone tinha sido arrancado da parede e jazia estilhaçado no chão. O guarda roupa estava aberto, camisas, calças e blusas jogadas no chão. E ela chutava com tanta força que a parede atrás do móvel vibrava sobre sua força.

- O que é que você está fazendo?! – gritei, levando as mãos até a cabeça, os olhos arregalados indo de um ponto até o outro de destruição. – Para, para. Camila para.

Camila se virou e seus olhos estavam vermelhos, não sei se era de raiva ou de choro.

- Eu te odeio. – veio seu sibilo agudo. De repente, ela estava correndo e suas mãos estavam em mim, me atingindo de algum jeito. – Eu te odeio, eu te odeio, sua filha da puta, eu te odeio.

Tentei me afastar, tropeçando sobre meus pés para trás e segurei firmemente suas mãos para mantê-las longe de mim.

- Que ótimo, eu também te odeio. Só pare com esse escândalo!

- Grr, eu não... vou... parar! – ela remexeu os pulsos febrilmente, girando nossos corpos e avançando pelo quarto, fazendo-me bater contra a porta e fechá-la. – Eu não sou uma mimada estúpida?! – ela se soltou, me fazendo desequilibrar para frente, pulando sobre mim em seguida e conseguindo me derrubar, caindo junto. Logo, me atacou novamente. – Eu te odeio, te odeio.

- Por que você não pula no Austin, afinal?! – gritei, encarando-a em cima de mim. Toda minha raiva voltando com força. – Sai daqui, você que disse que não queria ficar perto de mim, então sai!

- De novo você está me expulsando da sua vida! De novo! – ela deu um grito raivoso, suas mãos me batendo, me puxando, fazendo-nos rolar pelo chão destruído.

- Antes eu só fiz pelo seu bem! Agora é você quem está me mandando embora!

- Porque você não quer ficar! – ela ficou em cima de mim e me agarrou pelos ombros, os olhos loucos sobre os meus. – Eu já entendi isso!

- Eu não quero ficar porque eu não conseguiria ficar longe de você, sua idiota! – gritei ainda mais alto, minha respiração irregular, mal conseguindo me mover por ela me prender com tamanha força. 

Charmed |Camren|Onde histórias criam vida. Descubra agora