Charmed |Camren|

Capítulo VI

[Camila's POV]

Mordi a ponta do dedo, olhando fixamente para a rachadura na parede verde. Desviei o olhar novamente para a pessoa deitada adormecida na cama e voltei a morder o dedo. Me ajeitei, meio incomodada, na cadeira colocando um pé em cima do assento da mesma e apoiei a cabeça no joelho; eu não consegui mais deixar de olhá-la. Meu coração deu aquela disparada básica, como fazia desde a hora que eu acordei, há uma meia hora, e eu afundei o rosto no peito. Não que eu estivesse arrependida, muito longe disso. Mas tudo começou com aquele sonho, aquele puta sonho em que ela estava ali, inteirinha pra mim e quando eu acordei, eu estava em outro sonho real com ela em cima de mim. Meu coração voltou a disparar com a insegurança que pairou no ar. Como nós íamos nos falar agora? E se ela me odiasse mais ainda? Quer dizer, eu a convenci a fazer isso e ela, caramba, ela ia me odiar. E ainda tinha aquele negócio... será que eu contava para ela que eu...? Levantei a cabeça, quando ouvi o barulho de molas do colchão se mexerem. Meus olhos arregalados se encontraram com o seus sonolentos e eu senti-me pronta para sair correndo ao mesmo tempo que eu não conseguia nem me mover.

- Desculpe, - a voz dela saiu meio rouca pela falta de uso e ela coçou os olhos, preguiçosa. - Dormi demais?

- Uhum. As galinhas até já acordaram. - brinquei, meio para saber o quanto (ou não) havia mudado nossa relação.

- Porcaria. - Lauren levantou-se agarrando-se ao lençol enrolado em seu corpo e caminhou até a janela afastando a cortina para fitar os raios de sol da paisagem lá fora. - Ai, você é tão engraçada! - ela disse se virando mal-humorada. - Eu tenho que aparecer lá, senão vão achar que fomos seqüestradas...

Olhei para sua pele branca, nem prestando atenção nas palavras que ela dizia. Eu tinha tocado nessa pele ontem. Era macia e cheirosa e agora elas tinham marcas bem aparentes, onde eu sabia ter perdido a cabeça no meio da noite

- Eu... o quê você tava dizendo? - perguntei, ao vê-la me encarar interrogativamente.

- Estava dizendo que... ah, esquece, deixa para lá. - a observei voltar para próximo da cama enquanto recolhia suas roupas, vestindo lentamente a parte de cima de suas roupas. Sua cintura, aquele abdômen completamente definido, seus braços iam flexionando-se conforme ela fechava cada um dos botões. Ajeitou a gola para que ocultasse seu pescoço marcado e antes de se virar para mim vestiu sua calcinha rapidamente com um leve rubor nas bochechas pálidas. - Camila... - chamou com um suspiro, encarando-me nos olhos.

- O-oi.

- Acho que... acho que a gente deveria conversar.

- Tá bom... - Caramba, eu parecia uma menina que tinha feito travessura e a mãe ia dar um sermão de horas. Me levantei, os dedos na barra da blusinha que eu tinha posto. - Eu... sinto muito.

- Você sente...? - sua voz pareceu... magoada?

- É... você, hm, você não queria e eu te convenci. - minhas palavras saíram emboladas e eu acrescentei rápido. - E eu sei que você é a conselheira real e, tipo, a relação entre a gente é... profissional? - Ótimo, adoro quando minhas afirmações se transformam em perguntas.

- É. Acho que isso não deveria se repetir... - sua voz saiu baixa, e novamente ela se levantou colocando o resto de seu terninho um pouco rápido demais. - Vamos embora, senhorita. - disse de costas.

Não respondi, sentindo toda as minhas inseguranças se confirmarem e me surpreendendo por saber que era uma sensação mil vezes pior quando sentida.

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