Charmed |Camren|

Capítulo IX - Parte 2

Caminhava lentamente pela rua coberta de neve, sentindo finas gotas de chuva esfriarem meu corpo. Minhas mãos enluvadas estavam firmes dentro do meu blusão verde e meu rosto era parcialmente escondido pelo capuz. Remexi o nariz gelado, soltando o ar quente pela boca. 

- Urgh, eu odeio essa época do ano.

Sorri, sentindo um braço tímido se entrelaçar ao meu. Umedeci os lábios e avistei o Café logo em frente, apertando o passo e de vez em quando pisando na neve fofa e acinzentada do chão.

- Eu adoro. É a época que eu mais gosto. – comentei, vendo Austin abrir a porta e me deixando entrar. Tirei o capuz agitei o cabelo e ele tirou a blusa, pendurando num ganchinho do lado da porta.

Sentamos, meio afastados para ninguém nos reconhecer, já que ambos éramos "importantes" e a mídia vivia na nossa cola. Mas não chamávamos tanta atenção quanto o segurança dele, o Worm. Ele era o triplo do meu tamanho e tinha uma grande cara de mal, mas na verdade, era muito engraçado.

- Então, como foram esses dois longos meses sem mim? – ele perguntou, após pedirmos, com mesmo sorriso doce e bonito nos lábios.

- Ah, sabe como é. Pretendentes por todo lugar, dormir pra caramba, aprender a cavalgar, mais pretendentes, blá blá blá. – tirei as luvas e apoiei a cabeça na mão, sorrindo para ele. – Você deve saber.

- Sei, claro. E eu estou incluído nesse "pretendente"?

- Claro que está. – respondi obviamente. – Qualquer homem que se aproximar de mim, é um candidato. – acrescentei, entediada.

- Ah... – ele pareceu envergonhado e eu o olhei atentamente quando ele pigarreou. – Mas... nenhum te... interessou?

- Nah. Eu não... Café! – exclamei, vendo a garçonete colocar nossos pedidos na mesa. Ela se curvou e murmurou "vossa majestade" e saiu. Droga, haviam nos reconhecido.

Austin riu, colocando açúcar em seu cappuccino. – Mas, sério, nenhum te interessou?

Bebi um gole, pensativa. – O problema é que todos que me apresentam tem alguma coisa irritante. Ou é um príncipe metido e burro, mais preocupado com o espelho do que qualquer outra coisa ou é um cara que só quer fama por ter se casado com a princesa. Dá pra perceber as intenções e é chato.

Ele assentiu, mexendo a colher sem me olhar.

- Sabe, não é tipo, você. – seus olhos se levantaram depressa. Ele deve ter entendido errado. – Por que eu sei que você é meu amigo e não vai sair por aí espalhando que eu não lavo o cabelo todos os dias ou alguma coisa parecida.

- Claro que não, Camila. – ele suspirou, rindo.

Ficamos em um silêncio confortável, enquanto eu mastigava um cookie. Conversamos sobre algumas coisas e ele, de repente, me olhou diretamente, como se tivesse determinado a dizer alguma coisa, porém não o fez. 

- O quê? – perguntei.

- Nada. – os olhos claros continuaram me esquadrinhando.

Inclinei-me na mesa, as mãos no rosto. – Fala.

Ele hesitou, mas acabou falando, os olhos fugindo dos meus. – É só que... você tem alguém, não é?

Engasguei pateticamente. – Quê?

Ele riu. – Você já se denunciou Camila! Você tem alguém.

- Tenho não. – acabei rindo com ele, pensando rápido em algum nome.